sábado, setembro 7

Mulheres Negras tomam a orla de Copacabana na 9ª Marcha pela Unidade contra a Opressão e Racismo

Evento organizado pelo Fórum Estadual de Mulheres Negras – RJ mobilizou ativistas de várias regiões do Rio de Janeiro.

Mulheres Negras
Foto: Tânia Rêgo/AGB
 
No último domingo 30 de Julho, milhares de mulheres negras de diversas partes do estado do Rio de Janeiro protagonizaram a 9ª Marcha das Mulheres Negras na orla de Copacabana, na zona sul carioca. Sob o lema “Mulheres Negras Unidas contra o Racismo, Toda Forma de Opressão, Violência e pelo Bem Viver”, o evento foi promovido pelo Fórum Estadual de Mulheres Negras – RJ e contou com a participação de diversos coletivos engajados na luta contra a desigualdade racial.
A manifestação encerrou a semana de mobilização em homenagem ao Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha, celebrado em 25 de julho, e ocorreu na véspera do Dia Internacional da Mulher Africana, em 31 de julho.
A escritora Maria da Conceição Evaristo, conhecida por sua produção literária que combate a opressão do povo negro, proferiu o manifesto de abertura da marcha, destacando a importância de ocupar espaços de grande visibilidade para denunciar questões de discriminação racial e violência. Ela também enfatizou a busca pelo “bem viver”, com a participação coletiva da população negra e o empoderamento das mulheres.
Além de Conceição Evaristo, a marcha contou com a presença de dez griôs, respeitadas contadoras de histórias nas comunidades onde vivem, que carregaram uma faixa com o tema da edição deste ano.
O evento também deu espaço para jovens lideranças, incluindo crianças, como a ativista de apenas 10 anos, Alia Terra, que ressaltou a união contra a violência, o racismo e pela busca do “bem viver”.
Durante o percurso pela orla de Copacabana, as participantes ostentavam cartazes com retratos de mulheres negras que lutaram pela defesa, respeito e empoderamento da população preta, como a escritora Carolina Maria de Jesus, a cantora Elza Soares, a intelectual Lélia Gonzalez, a líder quilombola Tereza de Benguela, e a vereadora carioca Marielle Franco, assassinada em 2018. A presença da ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, irmã de Marielle, trouxe uma significativa ressignificação à marcha.
Anielle destacou a importância de políticas públicas eficazes em áreas como saúde, educação e segurança, além de reforçar a necessidade de descobrir os responsáveis pelo assassinato de sua irmã para garantir a segurança das mulheres negras que lutam pela igualdade.
Clatia Vieira, uma das organizadoras da marcha, enfatizou a importância de dar mais espaço às mulheres negras na política e expressou a esperança de ver uma mulher negra ocupar a próxima vaga de ministro do Supremo Tribunal Federal, que será aberta em outubro.
A passeata também trouxe à tona os desafios enfrentados pelas mulheres negras, que são 67% das vítimas de feminicídios e 89% das vítimas de violência sexual. Além disso, elas enfrentam maior desemprego no mercado de trabalho.
Leonídia Carvalho, presidente do Quilombo Dona Bilina, ressaltou a importância da soberania alimentar da população preta e destacou as lutas históricas enfrentadas pela comunidade negra após a libertação da escravidão.
O ato também foi marcado por um gesto significativo de passagem de geração, com a presença de mulheres que levaram seus filhos pequenos à marcha, buscando preservar e transmitir o interesse pela luta antirracista.
A 9ª Marcha das Mulheres Negras reafirmou a importância da unidade e do enfrentamento dos desafios para a garantia de direitos e igualdade para a população negra, em um evento marcado pela celebração da cultura e da resistência das mulheres negras. A mobilização foi um passo importante na luta contínua pela valorização e empoderamento das mulheres negras na sociedade brasileira.

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