sexta-feira, novembro 22

Greve dos Rodoviários: Pernambucanos enfrentam o caos no transporte público sem solução à vista

População sofre com a ausência de ação do poder público e cobra responsabilidade das autoridades.

Motorista de Ônibus
Foto: Arthur Mota/FP
A Região Metropolitana do Recife enfrenta uma das greves mais longas da história do transporte público, que já se estende por seis dias, causando transtornos e prejuízos para milhões de cidadãos pernambucanos. O caos no sistema de ônibus, que afeta a rotina de quem depende desses transportes para acessar oportunidades de trabalho e lazer, reflete a aparente inércia do poder público, que se omite diante do problema.
A greve dos motoristas de ônibus da Região Metropolitana do Recife, iniciada há seis dias, está levando o comércio a paralisar e prejudicando a prestação de serviços diversos, gerando incômodo e preocupação entre os trabalhadores. A situação torna-se ainda mais complicada porque os rodoviários decidiram prolongar a manifestação até o julgamento do dissídio coletivo da categoria pelo Tribunal Regional do Trabalho da 6ª Região (TRT-6), marcado para segunda-feira (31/7), às 9h.
Essa prolongada greve tem colocado os passageiros em uma situação delicada, uma vez que é mais fácil negociar com os empregadores um dia de ausência no trabalho, mas múltiplos dias tornam a tarefa complicada. Como resultado, muitos passageiros têm enfrentado a difícil busca por alternativas de transporte para chegar aos seus destinos.
A responsabilidade pela resolução do impasse recai sobre o governo de Pernambuco e as prefeituras da Região Metropolitana do Recife, que são diretamente atendidas pelo sistema de ônibus em greve. Enquanto o sistema de transporte metropolitano movimenta cerca de R$ 1 bilhão anualmente, apenas cerca de R$ 250 milhões vêm em forma de subsídios do governo do Estado, sendo o restante custeado inteiramente pelos passageiros. O governo de Pernambuco tem o papel de gestor do transporte metropolitano e dita as regras do Sistema de Transporte de Passageiros da RMR (STPP). No entanto, até o momento, o órgão responsável, o Consórcio Grande Recife, não se manifestou sobre o movimento grevista e seu impacto na população, inclusive negando entrevistas.
Da mesma forma, as prefeituras da região, especialmente a do Recife, que é percorrida por 80% das 360 linhas de ônibus e onde reside a maioria dos 1,8 milhão de passageiros do sistema, têm papel importante na resolução do problema, mas têm se mantido omissas. O prefeito João Campos, por exemplo, que mantém uma presença ativa nas redes sociais para se comunicar com seus eleitores, ainda não se posicionou formalmente sobre a questão.
Enquanto o poder público evita interferir na questão, a população sofre as consequências, desejando uma solução concreta para o problema. A falta de posicionamento das autoridades é baseada no argumento de que a greve dos rodoviários é uma questão trabalhista, na qual o governo não deve intervir, para evitar assumir custos futuros. No entanto, esse discurso não convence mais a população, que busca resultados e ações efetivas para resolver a situação caótica enfrentada no transporte público.
Diante disso, a Frente de Luta pelo Transporte Público critica a omissão do governo Raquel Lyra, apontando que o transporte público já enfrenta problemas estruturais há muito tempo, como terminais integrados em condições precárias, falta de integração temporal eficiente, extinção dos BRTs e incerteza sobre a licitação das linhas de ônibus, sem qualquer definição por parte do governo estadual. A população clama por uma atuação mais proativa e efetiva das autoridades, que assumam a responsabilidade pela melhoria do sistema e garantam o direito básico de mobilidade aos cidadãos.

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