sexta-feira, abril 25

Deputado Chiquinho Brazão perde mandato por faltas

Chiquinho Brazão perde mandato por faltas excessivas; decisão da Mesa Diretora da Câmara segue artigo 55 da Constituição Federal.

Câmara cassa mandato de Chiquinho Brazão por ausências
Câmara cassa mandato de Chiquinho Brazão por ausências. Foto: Reprodução

A Mesa Diretora da Câmara dos Deputados decidiu, nesta quinta-feira (24), pela cassação do mandato do deputado Chiquinho Brazão (sem partido-RJ). A Mesa Diretora fundamentou a decisão no artigo 55 da Constituição Federal, que determina a perda do mandato parlamentar por ausência injustificada em mais de um terço das sessões ordinárias no ano legislativo.

Preso desde março de 2024, Brazão é um dos investigados como suposto mandante do assassinato de Marielle Franco (PSOL-RJ), crime que chocou o país e motivou uma série de investigações e ações no âmbito do Ministério Público e da Polícia Federal.

Entenda a decisão da Mesa Diretora

O presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), o primeiro-secretário, Carlos Veras (PT-PE), e o segundo-secretário, Lula da Fonte (PP-PE), formalizaram a cassação em um ofício assinado por eles.

Conforme estabelece a Constituição, a perda automática do mandato pode ocorrer nos seguintes casos:

  • Ausência a mais de um terço das sessões ordinárias sem justificativa;
  • Suspensão dos direitos políticos;
  • Condenação criminal com trânsito em julgado;
  • Quebra de decoro parlamentar (requer votação em plenário).

No caso de Brazão, a ausência prolongada às sessões da Casa — motivada por sua prisão preventiva — foi o fator determinante para a perda do mandato, sem necessidade de deliberação do plenário.

Processo por quebra de decoro será arquivado

Antes da decisão da Mesa Diretora, o deputado já respondia a um processo por quebra de decoro parlamentar no Conselho de Ética da Câmara. O colegiado aprovou a cassação do parlamentar, mas a Câmara ainda não havia levado o caso à votação no plenário. Com a decisão administrativa, a Mesa Diretora arquivará o processo por perda de objeto, segundo fontes internas da Casa.

Essa prerrogativa da Mesa está prevista na Constituição e não exige votação em plenário, ao contrário de outros casos mais complexos. Especialistas ouvidos pelo jornal Agência Câmara de Notícias destacam que a medida respeita os ritos legais e constitucionais.

Ato da Mesa Diretora da Câmara que declara a perda do mandato de Chiquinho Brazão — Foto: Câmara dos Deputados/Reprodução
Ato da Mesa Diretora da Câmara que declara a perda do mandato de Chiquinho Brazão — Foto: Câmara dos Deputados/Reprodução

Chiquinho Brazão pode recorrer à Justiça

Embora não haja previsão de recurso no âmbito do Congresso Nacional, Brazão pode buscar a reversão da cassação na Justiça, por meio de mandado de segurança ou ação ordinária. Até o momento, sua defesa não se manifestou oficialmente sobre a decisão.

Especialistas em Direito Constitucional avaliam que, mesmo diante de eventual recurso judicial, a decisão da Mesa Diretora tem respaldo legal, especialmente por se tratar de um caso de ausência contínua, amplamente documentada.

Repercussão e contexto político

A cassação ocorre em meio ao avanço das investigações sobre a morte da vereadora Marielle Franco, assassinada em 2018 junto ao motorista Anderson Gomes. A prisão de Brazão, em março de 2024, foi autorizada pelo Supremo Tribunal Federal, com base em provas apresentadas pela Polícia Federal.

Organizações da sociedade civil e parlamentares do PSOL e de outros partidos progressistas consideram a cassação como “um passo importante” na responsabilização de envolvidos no caso. Já parlamentares aliados do ex-deputado apontam “precipitação política” e afirmam que a defesa ainda não teve acesso integral aos autos.

O que diz a Constituição Federal sobre perda de mandato

Segundo o artigo 55 da Constituição Federal de 1988, um parlamentar perde o mandato se:

  • Deixar de comparecer a um terço das sessões ordinárias, sem justificativa;
  • Sofrer condenação criminal transitada em julgado;
  • Tiver os direitos políticos suspensos;
  • Quebrar o decoro parlamentar (com aprovação por maioria absoluta do plenário).

A norma visa garantir a responsabilidade e a assiduidade dos representantes eleitos, além de preservar a imagem institucional do Congresso Nacional.

A cassação do mandato de Chiquinho Brazão, decidida pela Mesa Diretora da Câmara dos Deputados, segue os princípios constitucionais e foi motivada por ausências não justificadas. O episódio representa mais um desdobramento das investigações sobre o caso Marielle Franco e reforça a atuação do Legislativo no cumprimento de suas normas internas.

O caso ainda pode ter novos capítulos, caso o ex-deputado recorra ao Poder Judiciário. A Câmara, por sua vez, deve atualizar a lista de parlamentares e convocar o suplente para ocupar a vaga.

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