domingo, março 30

Copom decide hoje nova alta da Selic em meio à inflação alta

Pressionado pelos preços dos alimentos e da energia, o Copom decide hoje (19) nova elevação da taxa Selic, que pode subir para 14,25% ao ano.

O Comitê de Política Monetária avalia nova alta da Selic, que pode chegar a 14,25% ao ano, diante da inflação persistente. Foto - Raphael Ribeiro
O Comitê de Política Monetária avalia nova alta da Selic, que pode chegar a 14,25% ao ano, diante da inflação persistente. Foto – Raphael Ribeiro

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) define nesta quarta-feira (19) o novo patamar da taxa Selic. O mercado espera um aumento de 1 ponto percentual, levando os juros básicos de 13,25% para 14,25% ao ano. Caso confirmado, será o quinto aumento consecutivo, refletindo as pressões inflacionárias e as incertezas no cenário econômico.

A decisão será a segunda sob a presidência de Gabriel Galípolo, que assumiu o comando do BC no início do ano. Segundo o último Boletim Focus, analistas de mercado projetam que os juros permanecerão elevados pelos próximos meses devido à inflação persistente.

Por que a Selic deve subir novamente?

A justificativa para uma nova alta nos juros vem do próprio Banco Central. No último comunicado do Copom, o comitê destacou três fatores principais:

  • Inflação dos alimentos e energia: o aumento dos preços desses itens tem pressionado o custo de vida.
  • Incerteza externa: o cenário internacional instável, incluindo juros altos nos Estados Unidos, afeta o Brasil.
  • Pacote fiscal do governo: medidas adotadas no fim do ano passado geraram dúvidas sobre o equilíbrio das contas públicas.

Com esse contexto, o BC reforçou a necessidade de manter uma política monetária restritiva para conter a inflação.

Inflação segue acima da meta

Na última reunião, o Copom alertou que o ciclo de alta da Selic pode se estender. O Boletim Focus mais recente apontou que a inflação projetada para 2025 subiu de 5,6% para 5,66%, acima do teto da meta contínua de 4,5% estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN).

A nova metodologia de meta contínua de inflação, adotada este ano, permite um acompanhamento mensal da inflação acumulada em 12 meses. O Banco Central prevê que o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) termine o ano em 4,5%, mas ressalta que esse número pode mudar conforme a variação do câmbio e dos preços internacionais.

O impacto da Selic na economia

A Selic é a taxa de referência para o custo do crédito e a remuneração de investimentos. Quando o Copom aumenta os juros básicos, o objetivo é reduzir o consumo e segurar a inflação. No entanto, isso tem efeitos colaterais:

  • Crédito mais caro: empréstimos e financiamentos ficam mais difíceis para empresas e consumidores.
  • Crescimento econômico menor: a atividade econômica pode desacelerar, impactando o mercado de trabalho.
  • Rendimento da poupança e investimentos: aplicações atreladas à Selic podem oferecer retornos mais altos.

Já uma redução da Selic teria o efeito oposto: facilitaria o crédito e impulsionaria o consumo, mas poderia comprometer o controle da inflação.

Como o Copom decide a Selic?

O Copom se reúne a cada 45 dias. O primeiro dia do encontro é dedicado a análises técnicas sobre a economia brasileira e global. No segundo dia, os diretores do Banco Central votam a nova taxa de juros.

O último ciclo de cortes na Selic ocorreu entre junho e agosto de 2024, quando os juros caíram para 10,5% ao ano. No entanto, desde setembro, o Copom reverteu a tendência e iniciou um novo ciclo de alta, diante do aumento da inflação e da instabilidade econômica.

O que esperar para os próximos meses?

O Banco Central tem indicado que as decisões sobre a Selic dependerão da evolução dos preços e do cenário fiscal. O próximo Relatório de Inflação, previsto para o fim de março, trará novas projeções e pode sinalizar os próximos passos da política monetária.

Especialistas divergem sobre até onde os juros podem subir. Enquanto alguns acreditam que a Selic pode permanecer elevada por mais tempo, outros avaliam que uma desaceleração da inflação pode abrir espaço para cortes a partir do segundo semestre.

A decisão do Copom será anunciada no fim do dia, e o mercado acompanhará de perto os sinais sobre o futuro da taxa básica de juros.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *