Pesquisadores explicam o que pode ter gerado diminuição da população
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Outras capitais, como Recife, Belo Horizonte, Fortaleza e Rio de Janeiro, também registraram diminuição. Já em São Paulo e Curitiba, houve um pequeno aumento de menos de 2%, indicando um ritmo de crescimento mais lento.
A maior redução populacional entre as capitais ocorreu em Salvador, com uma queda de 9,6% no número de habitantes. De acordo com Ricardo Ojima, pesquisador do Departamento de Demografia e Ciências Atuariais da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), essa tendência de mudanças populacionais nas grandes cidades é observada tanto no Brasil quanto no mundo.
Nos municípios próximos a Salvador, como Lauro de Freitas e Camaçari, houve um aumento no número de moradores. Considerando a capital baiana junto com os municípios vizinhos, a redução no número de habitantes cai para 4,7%, conforme aponta Ricardo Ojima.
Essa migração da capital para cidades vizinhas também é observada em Belo Horizonte, Natal e outras cidades do país. Segundo o pesquisador, há uma mudança na atração da região metropolitana, não apenas com pessoas saindo da capital em direção ao entorno, mas também com pessoas de cidades menores e outras localidades se estabelecendo nessas áreas.
Outro fator destacado pelo pesquisador é o crescimento de condomínios horizontais fechados nas áreas periféricas, que atrai as camadas de média e alta renda. Isso ocorre porque as capitais não possuem disponibilidade de terrenos para a construção desses empreendimentos.
Além disso, o desenvolvimento de atividades econômicas e serviços nos municípios do entorno das capitais é outro fator que contribui para o aumento de moradores, segundo Ricardo Ojima. Antes, esses municípios eram basicamente locais de residência, com as pessoas se deslocando diariamente para trabalhar ou estudar nas áreas centrais. Hoje, há uma complementaridade, com o surgimento de empregos e serviços nos municípios vizinhos.
O economista e pesquisador da Fundação Getúlio Vargas, Marcelo Neri, destaca que o envelhecimento da população também está relacionado à migração das capitais. Os dados do Censo 2022 mostraram que o aumento da população brasileira foi menor do que o esperado, calculado em 0,52% ao ano.
Embora algumas capitais tenham registrado crescimento populacional significativo, como Manaus, com aumento de 14,5% nos últimos 12 anos, e Brasília, João Pessoa e Boa Vista, com aumentos acima de 9%, Ricardo Ojima explica que muito provavelmente, em um futuro próximo, essas capitais também experimentarão o mesmo fenômeno observado em outras cidades, com a população se dirigindo aos municípios do entorno. Essa tendência de migração para áreas próximas das capitais é uma consequência das transformações socioeconômicas e da busca por uma melhor qualidade de vida.
É importante ressaltar que as mudanças populacionais nas capitais e em seus arredores têm implicações significativas. Elas impactam a infraestrutura urbana, os serviços públicos, o mercado imobiliário e o planejamento urbano. Com a redução da população em algumas capitais, é necessário repensar políticas de desenvolvimento e investimentos nessas regiões, além de garantir uma distribuição equitativa dos recursos para as áreas vizinhas.
Diante desse contexto, é fundamental que os órgãos responsáveis pela gestão urbana estejam atentos às dinâmicas demográficas e busquem soluções para promover um desenvolvimento mais equilibrado entre as capitais e os municípios do entorno. Isso envolve o estímulo à criação de oportunidades de trabalho, a oferta de infraestrutura adequada, a promoção de políticas habitacionais e a preservação do meio ambiente.
Em suma, as mudanças populacionais nas capitais brasileiras e a migração para os municípios do entorno são fenômenos complexos e multifacetados. Compreender essas transformações é essencial para promover um desenvolvimento sustentável e garantir uma melhor qualidade de vida para a população em todas as regiões do país.
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