Copom eleva juros em 1 ponto percentual para conter a inflação e encerra o mandato de Campos Neto no BC.
O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) decidiu nesta quinta-feira (11) aumentar a taxa Selic em 1 ponto percentual. A taxa básica de juros passou de 11,25% para 12,25% ao ano, retornando ao nível registrado no fim de 2023. Esta é a terceira alta consecutiva, surpreendendo economistas que previam aumento de 0,75 ponto.
A decisão marca o encerramento do mandato de Roberto Campos Neto como presidente do BC. Sob sua liderança, iniciada em 2019, a Selic atingiu seu menor patamar histórico, de 2% ao ano em 2020, mas subiu devido à pandemia e à inflação. Nomeado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro, Campos Neto permanecerá no cargo até 2025, graças à autonomia do BC.
Inflação acima da meta pressiona o Copom
Segundo o IBGE, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) acumulado em 12 meses foi de 4,87% em novembro. O índice está acima da meta de 2024, que é de 4,5%. A alta da Selic busca conter o avanço da inflação, mas pode desacelerar o crescimento econômico.
Economistas avaliam que o aumento foi além do esperado, conforme sugeria o Boletim Focus, que apontava um ajuste de 0,75 ponto. A decisão reflete a tentativa do BC de equilibrar a inflação sem comprometer a economia.
O impacto da Selic na economia
A Selic é a principal ferramenta do Banco Central para controlar a inflação. Quando a taxa sobe, os juros de empréstimos e financiamentos aumentam, reduzindo o consumo e os investimentos. Em contrapartida, a inflação tende a ceder.
Por outro lado, uma Selic elevada encarece o crédito, prejudicando o crescimento econômico. Em momentos de queda da taxa, o efeito é inverso: os juros caem, estimulando o consumo, mas pressionando os preços.
Custo da dívida pública cresce com juros
A Selic também influencia os gastos do governo com a dívida pública. Quando os juros sobem, o custo de renovar os empréstimos aumenta. Em outubro, o setor público gastou R$ 111,6 bilhões com serviços da dívida, alta de 80% em relação a outubro de 2023.
Em 12 meses, o gasto acumulado foi de R$ 869,3 bilhões, contra R$ 720,1 bilhões no período anterior. Com a nova alta da Selic, as despesas com a dívida devem crescer cerca de R$ 40 bilhões em um ano, pressionando ainda mais o orçamento público.
Comparação internacional evidencia desafios
Um estudo da Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (Unctad) mostrou que o Brasil gasta quase o dobro em juros do que em educação e saúde juntos. Enquanto isso, países ricos gastam, em média, apenas 40% dos investimentos nesses setores.
A pesquisa revelou que 40% da população mundial vive em países onde os gastos com juros superam os de serviços públicos essenciais. No Brasil, a elevação da Selic reforça esse cenário desafiador.
Cenário futuro com novo comando no BC
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, crítico da gestão de Campos Neto, indicou Gabriel Galípolo para sucedê-lo em 2025. A expectativa é de que o novo presidente do BC promova maior diálogo com o governo, equilibrando as decisões de política monetária com o crescimento econômico.
Enquanto isso, a alta da Selic mantém o Brasil em alerta. A medida busca estabilizar os preços, mas traz desafios para a economia e para o orçamento público.
CEO do Portal Fala News, Jornalista pela UNIFG, licenciado em Letras PT/ES pela FAESC, formado em psicanálise pela ABEPE, pós-graduado em linguística aplicada as línguas portuguesa e espanhola pela FAESC, e MBA em Marketing Digital e Mídias Sociais pela UniNassau. Analista de política e economia, colunista sobre psicanálise, amante dos livros e dedicado a levar informação com transparência e credibilidade.