quarta-feira, outubro 23

FMI revisa para cima crescimento do Brasil em 2024

Expectativa de alta de 3% supera previsões anteriores, mas FMI prevê desaceleração em 2025

FMI eleva para 3% projeção de crescimento do PIB do Brasil em 2024. Foto -Marcello Casal
FMI eleva para 3% projeção de crescimento do PIB do Brasil em 2024. Foto -Marcello Casal

O Fundo Monetário Internacional (FMI) ajustou sua projeção de crescimento da economia brasileira em 2024. Agora, o órgão estima que o Produto Interno Bruto (PIB) subirá 3%, acima dos 2,1% projetados anteriormente. No entanto, o FMI também sinalizou que o crescimento desacelerará em 2025, caindo para 2,2%.

Essa revisão ocorre em meio à reunião anual do FMI, em Washington. Durante o encontro, o órgão destacou que o desempenho da economia brasileira foi melhor do que o esperado no primeiro semestre de 2024. Segundo o Fundo, fatores como um mercado de trabalho robusto, inflação sob controle e aumento da renda contribuíram para a revisão otimista. Além disso, o impacto das enchentes no Rio Grande do Sul sobre o PIB foi menor que o previsto.

Entretanto, o FMI alertou para um cenário menos promissor em 2025. A instituição reduziu a previsão de crescimento para 2,2%, citando como justificativa a diminuição dos estímulos fiscais e os juros elevados. Desde setembro, a taxa Selic está em 10,75% ao ano e, segundo o boletim Focus do Banco Central, deve encerrar 2024 em 11,75% ao ano.

Projeções do Fundo Monetário Internacional

Além disso, o FMI indicou que a alta dos juros tem influenciado a redução das expectativas de crescimento para o próximo ano. Mesmo com esses desafios, a estimativa de 2024 segue superior à projeção oficial da Secretaria de Política Econômica do Ministério da Fazenda, que prevê um crescimento de 3,2% para este ano.

A divulgação oficial do PIB do terceiro trimestre de 2024, prevista para 3 de dezembro pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), será crucial para verificar se o ritmo de crescimento se mantém. No segundo trimestre, a economia brasileira cresceu 1,4% em relação aos três meses anteriores, superando todas as previsões do mercado.

De acordo com o FMI, a recuperação econômica no Brasil tem surpreendido analistas, principalmente devido ao desempenho acima do esperado nos setores de serviços e agronegócio. Além disso, o crescimento da renda das famílias tem impulsionado o consumo interno, um dos principais motores do crescimento econômico atual.

Controle da inflação

Outro fator que tem ajudado a economia é o controle da inflação. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) segue dentro da meta estipulada pelo Banco Central. Com a inflação sob controle, o poder de compra dos brasileiros aumentou, favorecendo o consumo e estimulando o setor de serviços.

Entretanto, os desafios para 2025 já preocupam especialistas. A política monetária mais rígida, combinada com a redução dos estímulos fiscais, pode frear o ritmo de crescimento. Além disso, a continuidade de uma taxa de juros elevada pode desestimular o investimento, prejudicando o crescimento de setores estratégicos.

Mesmo assim, o mercado de trabalho brasileiro segue forte, o que tem ajudado a sustentar o crescimento econômico. O aumento da formalização de empregos e a recuperação da renda têm sido pontos positivos, mas os economistas alertam que esse cenário pode mudar caso a desaceleração prevista para 2025 se concretize.

Outro ponto relevante nas previsões do FMI é o desempenho da economia global, que pode influenciar diretamente o Brasil. A desaceleração do crescimento global, especialmente nas economias avançadas, pode impactar negativamente as exportações brasileiras, sobretudo no agronegócio e na indústria de manufaturas.

Apesar disso, o Brasil tem se beneficiado da alta demanda global por commodities, o que ajudou a impulsionar as exportações em 2024. Esse cenário pode mudar em 2025, caso a economia global enfrente dificuldades adicionais.

Em resumo, o FMI apresentou um panorama misto para o Brasil: um crescimento mais robusto que o esperado em 2024, mas com riscos de desaceleração em 2025. O governo brasileiro, por sua vez, terá de lidar com a pressão dos juros altos e a necessidade de encontrar novos estímulos para manter o ritmo de crescimento nos próximos anos.

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