Thiago Medina do PL burla regras, mas parlamentares experientes garantem o cumprimento dos ritos democráticos.

A política, como arena de debates e decisões que impactam diretamente a vida dos cidadãos, deve pautar-se por princípios éticos, respeito às normas e, acima de tudo, pela seriedade no cumprimento dos ritos democráticos. O episódio ocorrido na Câmara Municipal do Recife nesta quinta-feira (13), envolvendo o vereador Thiago Medina (PL), alerta-nos sobre os riscos de desvirtuar esses princípios em prol de interesses pessoais ou partidários.
O vereador tentou burlar o regimento interno da Casa ao autoproclamar-se presidente da Comissão de Políticas Públicas da Juventude e Esportes. A ação, que durou menos de dois minutos, afrontou claramente as regras estabelecidas, já que Medina não detinha a prerrogativa regimental para tal ato. Além disso, ele contou com o voto de um suplente que, por sua vez, também não tinha direito a participar da decisão. A cena, digna de um roteiro de ficção política, foi revertida rapidamente por parlamentares mais experientes, como Rodrigo Coutinho (Republicanos) e Felipe Francismar (PSB), que garantiram o cumprimento das normas e restauraram a ordem.
Trapalhada, inexperiência ou má intenção de Medina?
O que chama a atenção, no entanto, não é apenas a tentativa de golpe, mas a forma como a conduziram. A política, muitas vezes, é vista como um campo de batalha onde vale tudo para alcançar o poder. No entanto, é justamente essa mentalidade que alimenta a desconfiança da população em relação aos seus representantes. A Câmara Municipal não é um “grêmio estudantil”, como bem lembrou Francismar em seu discurso. É uma instituição que deve zelar pela legalidade, pela transparência e pelo respeito aos ritos que garantem a legitimidade das decisões tomadas.
A atitude de Thiago Medina, embora a tenham revertido, deixa um rastro de preocupação. Começar uma legislatura com esse tipo de manobra é um péssimo sinal para a democracia. A eleição de Rodrigo Coutinho como presidente da comissão e de Felipe Francismar como vice-presidente, após a votação regimental, mostra que ainda há parlamentares dispostos a defender as normas e a garantir que a Casa funcione como deve: um espaço de debate democrático e respeitoso.
Tentativas de burlar as regras sempre geram desgastes quando mau sucedidas
No entanto, é preciso ir além. Episódios como esse não podem ser tratados como meros deslizes ou “jogadas políticas”. Eles devem servir de reflexão para todos os vereadores e para a sociedade. A política não pode ser um campo onde a ética e as regras são ignoradas em nome de interesses particulares. É fundamental que os representantes do povo entendam que o respeito aos ritos democráticos não é apenas uma formalidade, mas a base que sustenta a credibilidade das instituições.
Por fim, é preciso reconhecer o papel dos vereadores que agiram para corrigir o desvio. Coutinho e Francismar demonstraram que a experiência e o compromisso com as normas são essenciais para manter a ordem e a seriedade no Legislativo. Que esse episódio sirva de lição para todos: a política só cumpre seu papel quando a exercemos com respeito, transparência e, acima de tudo, com ética.
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CEO do Portal Fala News, Jornalista pela UNIFG, licenciado em Letras PT/ES pela FAESC, formado em psicanálise pela ABEPE, pós-graduado em linguística aplicada as línguas portuguesa e espanhola pela FAESC, e MBA em Marketing Digital e Mídias Sociais pela UniNassau. Analista de política e economia, colunista sobre psicanálise, amante dos livros e dedicado a levar informação com transparência e credibilidade.