terça-feira, março 11

Prefeitura de Escada investe R$ 250 mil em show e gera polêmica

Prefeitura contrata Eric Land para Carnaval, mas população reclama da falta de apoio a crianças com autismo.

Show de Eric Land em Escada custará R$ 250 mil aos cofres públicos. Foto - Divulgação
Show de Eric Land em Escada custará R$ 250 mil aos cofres públicos. Foto – Divulgação

A Prefeitura de Escada, na Zona da Mata de Pernambuco, homologou a contratação do cantor Eric Land por R$ 250 mil para apresentação no Carnaval 2025. O valor investido gerou questionamentos entre moradores, que apontam deficiências em áreas essenciais, como saúde, educação e inclusão social.

O contrato foi firmado por meio de inexigibilidade de licitação, conforme consta no Diário Oficial dos Municípios de Pernambuco, publicado em 27 de fevereiro de 2025​. O pagamento será feito à empresa Zade Shows Gravações e Edições Musicais LTDA, representante exclusiva do artista.

Críticas da população

Nas redes sociais, a decisão da prefeita Mary Gouveia (PL) foi alvo de críticas de internautas, que reclamam da falta de investimentos em políticas públicas voltadas para crianças autistas e com deficiência.

  • “Enquanto isso, saúde, educação e inclusão aos autistas com clínicas especializadas: zero”, desabafou a internauta Vanessa.
  • “E a saúde precária”, acrescentou Aline, outra moradora da cidade.

Falta de assistência para crianças autistas

Famílias de crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA) relatam dificuldades para conseguir atendimento especializado na cidade. Segundo denúncias, não há clínicas especializadas nem suporte adequado na rede pública municipal.

Atualmente, muitas mães precisam recorrer a municípios vizinhos para garantir terapias essenciais, como fonoaudiologia, psicologia e terapia ocupacional. O custo com deslocamento e tratamento particular pesa no orçamento das famílias.

Comparação com Recife: diferença na política de cachês

O alto valor pago pela Prefeitura de Escada chama atenção quando comparado a outras gestões. Na capital pernambucana, por exemplo, a Prefeitura do Recife não paga cachês acima de R$ 200 mil. Valores superiores a esse são custeados exclusivamente pelos patrocinadores do evento.

Esse modelo adotado em Recife visa reduzir o impacto dos gastos públicos com grandes atrações, mantendo o equilíbrio entre a valorização da cultura e o investimento em serviços essenciais. A diferença de abordagem entre os municípios reforça a discussão sobre o uso dos recursos públicos para eventos culturais.

O que diz a Prefeitura de Escada?

Até o momento, a gestão municipal não se pronunciou oficialmente sobre as críticas levantadas. No entanto, o investimento em eventos culturais é uma prática comum em cidades que buscam incentivar o turismo e movimentar a economia local.

A reportagem tentou contato com a Prefeitura para obter esclarecimentos sobre os investimentos em saúde e inclusão social, mas ainda não obteve resposta nem retorno.

Equilíbrio entre cultura e demandas sociais

O debate sobre gastos públicos em eventos culturais versus investimentos em serviços essenciais é recorrente em muitas cidades. Especialistas defendem que é possível manter festividades sem comprometer áreas fundamentais, garantindo um planejamento orçamentário equilibrado.

Enquanto o show de Eric Land promete atrair foliões no dia 1º de março, moradores de Escada seguem cobrando melhorias estruturais para o município. O desafio da gestão é conciliar lazer e desenvolvimento social de forma justa e eficiente.

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