quarta-feira, abril 30

Prefeitura de Escada corta árvores e causa revolta

Moradores e vereadores acusam a gestão Mary Gouveia de crime ambiental por cortes de árvores sem justificativa técnica.

Prefeitura de Escada realiza poda drástica e é acusada de crime ambiental por parlamentares e ex-candidato.
Prefeitura de Escada realiza poda drástica e é acusada de crime ambiental por parlamentares e ex-candidato. Foto: Divulgação

Uma recente intervenção da Prefeitura de Escada, na Zona da Mata Sul de Pernambuco, provocou intenso debate nas redes sociais e na Câmara Municipal. A administração da prefeita Mary Gouveia (PL) realizou uma poda drástica de árvores no centro da cidade, nas imediações da Praça de Carros, e no bairro Maracujá, próximo à UPAE. A ação gerou fortes críticas de parlamentares da oposição e de setores da população, que levantaram dúvidas sobre a legalidade e a motivação da medida.

Parlamentares apontam possível crime ambiental

Os vereadores Elias Ribeiro (PSB) e Pedro Jorge (Avante) foram os primeiros a se manifestar publicamente contra a iniciativa da prefeitura. Em vídeos e postagens nas redes sociais, ambos classificaram a intervenção como um crime ambiental, citando que o corte de árvores urbanas sem justificativa técnica adequada pode violar a legislação ambiental brasileira, como a Lei nº 9.605/98 (Lei de Crimes Ambientais).

Segundo os parlamentares, a informação obtida por interlocutores da Câmara é de que a gestão municipal planeja expandir a prática para outros bairros, o que elevou o tom das críticas e preocupações ambientais.

“Enquanto cidades do Brasil inteiro promovem o plantio de árvores, Escada está indo na contramão, eliminando sombra, oxigênio e vida urbana”, afirmou Pedro Jorge.

Ex-candidato Jadson Caetano também se posiciona

O ex-candidato a prefeito Jadson Caetano (PSD) também se posicionou contra a iniciativa da gestão Mary Gouveia. Em suas redes sociais, ele lamentou o corte das árvores e cobrou transparência e planejamento urbano sustentável. Segundo ele, faltou diálogo com a população e com especialistas ambientais antes da execução do serviço.

“É inadmissível que árvores adultas sejam removidas sem estudos técnicos divulgados. A cidade precisa de mais verde, não menos”, escreveu Jadson.

Prefeitura ainda não apresentou justificativa oficial

Até o momento da publicação desta matéria, a Prefeitura de Escada não divulgou nota oficial explicando os motivos para a poda, tampouco apresentou laudos técnicos que atestem a necessidade do procedimento. Procurada pela reportagem por meio dos canais institucionais, a assessoria da prefeitura não respondeu aos questionamentos enviados até o fechamento da matéria.

A ausência de informações formais agrava as suspeitas da oposição e aumenta o clamor por uma investigação mais aprofundada sobre os critérios adotados para o corte das árvores.

O que diz a legislação ambiental?

De acordo com o Código Florestal Brasileiro (Lei nº 12.651/2012), o manejo de vegetação em áreas urbanas requer autorização do órgão ambiental competente. Poda ou corte sem justificativa técnica e sem autorização pode configurar infração administrativa e crime ambiental.

Além disso, o Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) estabelece diretrizes para a manutenção de áreas verdes urbanas, que devem priorizar o equilíbrio ecológico e a qualidade de vida da população.

A importância das árvores na cidade

Especialistas em urbanismo e meio ambiente apontam que as árvores nas cidades têm papel fundamental:

  • Redução da temperatura e sensação térmica;
  • Melhoria da qualidade do ar;
  • Retenção de águas pluviais e prevenção de enchentes;
  • Abrigo para fauna urbana;
  • Estímulo ao bem-estar social e psicológico.

Eliminar ou reduzir a arborização urbana sem substituição adequada pode comprometer esses benefícios, além de afetar diretamente a saúde da população.

A poda drástica realizada pela Prefeitura de Escada expôs um embate entre a gestão municipal e setores da oposição, com críticas que apontam desde possível ilegalidade até descaso com o meio ambiente urbano. Enquanto a gestão ainda não esclareceu os motivos da ação, cresce o apelo por transparência, participação popular e respeito às normas ambientais. O caso segue sendo acompanhado por ambientalistas, vereadores e pela população local.

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