Oferta restrita e barreiras comerciais com o Brasil causam alta nos preços da carne bovina nos EUA.

Foto: AP/Nam Y. Huh
Os consumidores dos Estados Unidos enfrentam uma nova onda de aumentos no preço da carne bovina, intensificando a crise alimentar iniciada em 2024. Depois do aumento expressivo no valor dos ovos, impulsionado por surtos de gripe aviária, o foco agora se volta à carne — especialmente diante da combinação de escassez interna e imposição de tarifas comerciais.
🇺🇸 Oferta em queda histórica, segundo o USDA
De acordo com o Departamento de Agricultura dos EUA (USDA), o rebanho bovino norte-americano sofreu uma redução de 1% em relação ao ano anterior. O número atual de cabeças de gado representa o menor desde o ano 2000, criando um gargalo na produção nacional de carne bovina. A oferta restrita, aliada à demanda constante, contribui para a elevação dos preços no varejo.
Segundo os dados mais recentes, o preço da libra de carne bovina já atinge US$ 9,26 no mercado varejista. O acumulado de 2025 aponta um aumento de quase 9%, enquanto cortes como bife registraram alta de 12,4% e a carne moída, de 10,3%, em comparação a junho do ano anterior.
🇧🇷 Tarifa sobre carne do Brasil agrava cenário
Em meio à queda de produção interna, os Estados Unidos impuseram uma tarifa de 50% sobre a carne bovina importada do Brasil, maior exportador mundial da proteína. A medida, que entrou em vigor neste semestre, já mostra impacto direto sobre o consumidor norte-americano.
Relatório divulgado pelo banco Itaú BBA na última terça-feira revelou que o preço da carne moída subiu 3% apenas em julho. A tendência de alta pode se manter nos próximos meses, caso as barreiras tarifárias permaneçam.
Impacto bilionário para exportadores brasileiros
O efeito da medida norte-americana também recai sobre o setor produtivo brasileiro. A Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec), que reúne gigantes do setor como JBS e Marfrig, estima que os prejuízos podem ultrapassar US$ 1 bilhão caso a tarifa de 50% seja mantida ao longo do ano.
Os Estados Unidos são o segundo maior destino da carne bovina brasileira, ficando atrás apenas da China. Para tentar reverter a situação, representantes da Abiec têm buscado diálogo com parlamentares dos EUA.
“Estamos tentando sensibilizar o Congresso americano quanto aos impactos negativos da tarifa para ambos os países”, afirmou o presidente da Abiec, Roberto Perosa, durante um evento do setor. A declaração foi registrada pela agência internacional Reuters.
Possíveis consequências diplomáticas e comerciais
Especialistas alertam que a medida pode desencadear uma resposta diplomática do Brasil e afetar as negociações comerciais entre os dois países. Além disso, o aumento dos preços da carne nos EUA intensifica o debate interno sobre o custo de vida e a segurança alimentar.
Segundo economistas, a combinação entre menor oferta e políticas protecionistas pode gerar efeitos inflacionários persistentes e pressionar ainda mais a população norte-americana, especialmente famílias de baixa renda.
✅ RESUMO DOS FATORES QUE ELEVAM O PREÇO DA CARNE NOS EUA:
Tensão diplomática e risco de desaceleração nas trocas comerciais
Redução de 1% no rebanho bovino em 2025 (menor desde 2000)
Tarifa de 50% sobre carne importada do Brasil
Aumento de 3% na carne moída apenas em julho
Alta acumulada de 9% na carne bovina em 2025
Bifes com aumento de 12,4% e carne moída com 10,3%
Previsão de prejuízo de até US$ 1 bilhão para exportadores brasileiros

CEO do Portal Fala News, Jornalista pela UNIFG, licenciado em Letras PT/ES pela FAESC, formado em psicanálise pela ABEPE, pós-graduado em linguística aplicada as línguas portuguesa e espanhola pela FAESC, e MBA em Marketing Digital e Mídias Sociais pela UniNassau. Analista de política e economia, colunista sobre psicanálise, amante dos livros e dedicado a levar informação com transparência e credibilidade.