quinta-feira, dezembro 12

Mercosul e UE firmam acordo histórico de livre comércio

Após 25 anos, Mercosul e UE anunciam tratado com foco em economia e sustentabilidade.

Acordo Mercosul-UE encerra 25 anos de negociações. Foto: RICARDO STUCKERT / PR

Após 25 anos de negociações, os chefes de Estado do Mercosul e a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, anunciaram nesta sexta-feira (6) um acordo histórico de livre comércio. A decisão foi divulgada em Montevidéu, no Uruguai, durante a 65ª Cúpula de Chefes de Estado do Mercosul. O tratado pretende reduzir tarifas de exportação entre os blocos e impulsionar relações econômicas entre nações que juntas somam mais de 750 milhões de habitantes.

Participaram do anúncio o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, do Brasil, e os presidentes Javier Milei, da Argentina; Luis Alberto Lacalle Pou, do Uruguai; e Santiago Peña, do Paraguai. A presidente da Comissão Europeia destacou a importância do pacto. “É um marco para empresas e pessoas. Mais empregos, mais escolhas e prosperidade compartilhada”, afirmou von der Leyen.

Processo de assinatura e aprovação

Embora as negociações tenham sido concluídas, o texto ainda precisa ser formalmente assinado e revisado. Após a tradução para os idiomas oficiais, cada país deverá aprovar o acordo internamente, sem um prazo específico para conclusão. No Brasil, por exemplo, o tratado será submetido ao Congresso Nacional. Somente após a ratificação pelos parlamentos nacionais o acordo poderá entrar em vigor.

Segundo o governo brasileiro, o tratado permitirá a redução de barreiras comerciais e fomentará novas parcerias econômicas entre os blocos. “O acordo ainda depende de processos internos, mas já sinaliza avanços significativos para o comércio internacional”, destacou o comunicado oficial.

União em meio às diferenças políticas

O presidente do Uruguai, anfitrião do evento, ressaltou que o acordo foi alcançado apesar das diferenças ideológicas entre os países do Mercosul. Ele classificou o tratado como uma oportunidade para fortalecer laços econômicos. “Não há soluções mágicas. Este acordo é um pequeno, mas seguro passo para o futuro”, afirmou Lacalle Pou.

A presidente da Comissão Europeia enfatizou a relevância política do tratado, especialmente em um cenário global de instabilidade. “Em um mundo cada vez mais fragmentado, mostramos que democracias podem se apoiar mutuamente. Este acordo não é apenas econômico; é uma necessidade política”, declarou von der Leyen.

Benefícios econômicos para empresas

O tratado deve beneficiar cerca de 60 mil empresas europeias que exportam para o Mercosul, segundo von der Leyen. A economia estimada é de 4 bilhões de euros, com tarifas mais baixas, processos aduaneiros simplificados e acesso preferencial a matérias-primas essenciais. “O acordo trará grandes oportunidades de negócios para ambos os lados”, afirmou.

Apesar dos benefícios projetados, agricultores europeus manifestaram preocupação com a competição de produtos do Mercosul. Von der Leyen garantiu que o pacto inclui salvaguardas para proteger esses setores. “Estabelecemos medidas robustas para apoiar os produtores locais e garantir uma transição justa”, assegurou.

Sustentabilidade no centro das negociações

Além dos ganhos econômicos, o acordo prevê o respeito ao meio ambiente como um dos pilares fundamentais. Von der Leyen destacou que o tratado reflete o compromisso com o Acordo de Paris e o combate ao desmatamento.

“Proteger a Amazônia é uma responsabilidade compartilhada. Os esforços do presidente Lula nesse sentido são essenciais”, afirmou a líder europeia. Segundo ela, o tratado também estimulará investimentos sustentáveis e práticas ambientais responsáveis em ambos os blocos.

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