quarta-feira, março 12

Mauro Cid diz que Bolsonaro pressionou ministro da Defesa

Delação de Mauro Cid detalha suposta pressão de Bolsonaro para incluir suspeitas sobre urnas em relatório militar.

Cid diz que Bolsonaro pressionou ministro a insinuar fraude nas urnas. Foto - Reuters - Adriano Machado
Mauro Cid diz que Bolsonaro pressionou ministro a insinuar fraude nas urnas. Foto – Reuters – Adriano Machado

O tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, afirmou que o ex-presidente pressionou o general Paulo Sérgio Nogueira, então ministro da Defesa, a inserir no relatório das Forças Armadas um indicativo de que as urnas eletrônicas poderiam ser fraudadas. A declaração foi feita em um dos vídeos de sua delação premiada, cujo sigilo foi retirado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) nesta terça-feira (20).

O depoimento de Cid faz parte das investigações do chamado Inquérito do Golpe, que resultou na denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) contra Bolsonaro e mais 33 investigados.

Relatório das Forças Armadas e as eleições de 2022

Em novembro de 2022, o Ministério da Defesa enviou um relatório ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sobre as eleições presidenciais. Os técnicos das Forças Armadas elaboraram o documento e concluíram que não encontraram fraudes. No entanto, eles não descartaram completamente essa possibilidade, pois alegaram limitações na auditoria do sistema eletrônico de votação.

Os militares faziam parte da comissão de inspeção das urnas ao lado de representantes de outras entidades, como o Tribunal de Contas da União (TCU) e a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB).

Segundo Mauro Cid, Bolsonaro queria que o relatório afirmasse que houve fraude nas eleições.

“Na verdade, ele [Bolsonaro] queria que escrevesse que tivesse [houve] fraude. Então, foi feita uma construção, uma discussão, e o que acabou saindo foi que não poderia comprovar porque não era possível auditar. Acabou sendo um meio-termo entre o que o presidente queria e o que o general fez com o trabalho técnico.”

Reação da defesa de Bolsonaro

Após a denúncia da PGR, o advogado Paulo Cunha Bueno, representante do ex-presidente, divulgou uma nota afirmando que Bolsonaro “jamais compactuou com qualquer movimento que visasse a desconstrução do Estado Democrático de Direito ou das instituições que o pavimentam”.

Até o momento, Bolsonaro não se manifestou publicamente sobre as declarações de Cid.

Contexto e desdobramentos

A delação de Mauro Cid é um dos principais elementos da investigação sobre uma suposta tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022. Com a retirada do sigilo dos depoimentos, novas informações podem surgir, o que pode impactar o andamento do caso.

Em seguida, a defesa dos investigados deve apresentar suas contestações, e o STF analisará se aceita ou não a denúncia da PGR. Caso a denúncia seja aceita, Bolsonaro e os demais acusados se tornarão réus no processo.

As declarações de Mauro Cid adicionam mais um capítulo às investigações sobre os eventos pós-eleitorais de 2022. Enquanto isso, a Justiça analisa o caso, e a defesa de Bolsonaro nega qualquer envolvimento do ex-presidente em ações que ameaçassem a democracia. Portanto, o desdobramento do processo poderá influenciar o cenário político nos próximos meses.

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