Lia de Itamaracá, ícone da cultura pernambucana, celebra oitava década com festival e destaca trajetória marcada pela ancestralidade e retorno triunfal ao cenário artístico.
Em Itamaracá, no Litoral Norte de Pernambuco, uma rainha da cultura popular brasileira comemora oito décadas de vida, Maria Madalena Correia do Nascimento, conhecida como Lia de Itamaracá, é reverenciada como Patrimônio Vivo de Pernambuco e, nesta sexta-feira, 12 de janeiro, celebra seu octogésimo aniversário.🎉
A festa em homenagem à artista transcende as expectativas, reunindo mais de 35 grupos e artistas renomados, como Otto, Daúde, Nação Zumbi e Isaar. O Festival “O Canto da Sereia”, realizado no Centro Cultural Estrela de Lia, oferece uma programação gratuita que se estenderá até domingo (14).
“Sou uma artista muito trabalhosa e guerreira. Uma artista daquelas mesmo, do ‘pé’ do microfone!”, descreve Lia, enquanto se prepara para mais uma sessão de fotos em seu deslumbrante vestido azul. A cirandeira, de braços abertos para os tributos, enfatiza a importância de receber as homenagens em vida. “Estou me sentindo muito feliz com essas homenagens, que estão sendo boas para mim, pois estou recebendo todas elas em vida.”
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Origem familiar e ancestral:
Filha de Matilde Maria da Conceição, empregada doméstica, e Severino Nicolau Correia do Nascimento, agricultor, Lia nasceu na praia do Sossego, em Itamaracá. Única entre 22 irmãos a seguir carreira musical, a cirandeira cresceu em meio aos folguedos dos pescadores, numa casinha no sítio próximo, em Jaguaribe.
Participando do projeto “Brasil: DNA África” em 2015, Lia desvendou suas raízes genéticas, conectando-se à ancestralidade Djola, de Guiné-Bissau. As manifestações populares da infância, somadas à descoberta de suas origens africanas, fazem dela uma referência consciente e empoderada.
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Do ostracismo ao sucesso:
“Já saí da barriga de mãe cirandeira,” relembra Lia, destacando sua trajetória desde a infância. Aos 12 anos, influenciada pela mãe, começou a cantar e dançar. O primeiro LP, “A Rainha da Ciranda” (1977), surgiu aos 33 anos, mas quase 20 anos de esquecimento artístico se seguiram. “Fiquei no mato sem cachorro e ninguém chegava para ajudar. Fiquei assim por falta de incentivo,” recorda.
O retorno triunfal aconteceu em 1998, no festival Abril Pro Rock, graças ao produtor Beto Hees. Aplaudida por 12 mil pessoas, Lia retomou os palcos e iniciou uma carreira internacional, com turnês nos EUA e Europa. “Dou graças a Deus a Beto, que foi o único que me tirou do buraco para me levar para o mundo com a gota!”
De Itamaracá para o mundo:
Espalhando alegria e energia por onde passa, Lia celebra sua jornada de sucesso. De volta aos holofotes, lançou seu segundo disco, “Eu Sou Lia” (2000), seguido por outros três álbuns, incluindo “Ciranda Sem Fim” (2019). Exposições pelo Brasil, enredos em escolas de samba e homenagens no Carnaval do Recife 2024 evidenciam o impacto duradouro da rainha da ciranda.
Em meio a tantos feitos, Lia de Itamaracá destaca-se não apenas como ícone da cultura pernambucana, mas como uma artista negra consciente, enraizada em suas origens e pronta para encantar o mundo com sua música e história singular.
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