quinta-feira, julho 24

Jaboatão tem colapso na política de proteção animal

Castramóvel parado, UBS Animal inoperante e promessas não cumpridas geram indignação entre protetores da causa animal.

Protetores de Jaboatão denunciam abandono da causa animal e exigem plano com metas, orçamento e transparência
Protetores de Jaboatão denunciam abandono da causa animal e exigem plano com metas, orçamento e transparência. Foto: Google Maps

Em Jaboatão dos Guararapes, o que deveria ser política pública virou caridade. Protetores e protetoras independentes acumulam tarefas que caberiam ao poder público: alimentam, tratam, castram e resgatam animais abandonados, tudo do próprio bolso ou contando com a solidariedade nas redes sociais. A razão? O que chamam de “apagão da causa animal” promovido pela Prefeitura.

“Estamos exaustos. Fazemos o trabalho que o governo deveria fazer. Não aguentamos mais promessas vazias”, desabafa Millena Reis, ativista da causa animal há mais de dez anos.

Castramóvel sumiu, UBS parou (de novo) e promessas não saem do papel

Desde dezembro de 2024, não há qualquer ação de controle populacional animal no município. O Castramóvel, principal ferramenta de castração gratuita, está fora de operação há mais de seis meses — sem explicação, cronograma ou previsão de retorno.

A UBS Animal de Cavaleiro, principal unidade de atendimento veterinário, virou um retrato do abandono administrativo:

  • 🟥 Parou em 3 de outubro de 2024, por problemas no ar-condicionado;
  • 🟩 Retomou só em 9 de junho de 2025 — oito meses depois;
  • 🟥 Parou novamente em 11 de julho, agora por falha elétrica no container.

A cada falha, o prejuízo é social, econômico e, sobretudo, ético. Enquanto a Prefeitura de Jaboatão fala em “compromisso com o bem-estar animal”, os fatos mostram o contrário.

Desde dezembro, animais estão sem castração em Jaboatão; Prefeitura não apresenta plano para resolver o problema
Desde dezembro, animais estão sem castração em Jaboatão; Prefeitura não apresenta plano para resolver o problema. Foto: Divulgação

Gestão Mano Medeiros: falta de planejamento, diálogo e seriedade

Em junho de 2025, representantes dos protetores foram até a sede da Prefeitura. A então secretária de Meio Ambiente, Ana Paula Francioly, recebeu o grupo, ouviu as demandas e prometeu reuniões mensais para debater políticas públicas efetivas.

A esperança durou pouco. Poucas semanas depois, Ana Paula foi exonerada sem aviso público ou justificativa oficial. Desde então, o canal de diálogo foi interrompido — e o poder público voltou ao silêncio habitual.

A ausência de resposta institucional tem sido a marca da gestão reeleita do prefeito Mano Medeiros (PL). Embora mantenha um discurso de continuidade e eficiência, a prática evidencia descompromisso e negligência com a causa animal.

Protetores exigem ação imediata — e cobram prestação de contas

Diante do cenário de abandono, protetores independentes publicaram um manifesto nas redes sociais. Nele, exigem:

  • Retorno imediato do Castramóvel;
  • Apresentação de plano de ação público, com orçamento e metas claras;
  • Transparência e eficiência na gestão da causa animal.

“Os animais estão morrendo, sendo jogados nas ruas, adoecendo. E a Prefeitura finge que não é com ela. Isso é desumano, é irresponsável”, denuncia a protetora Luana Matos.

Falta de políticas públicas compromete saúde pública

O abandono animal é também uma questão de saúde pública. A superpopulação de cães e gatos em situação de rua aumenta os riscos de transmissão de doenças como esporotricose, raiva e leishmaniose — além de acidentes de trânsito e ataques.

Especialistas e entidades de proteção reforçam que a castração em massa, acompanhada de ações educativas e políticas de adoção responsável, são o único caminho sustentável. Mas sem vontade política, nada disso é possível.

Silêncio oficial

A reportagem do Fala News procurou a Prefeitura de Jaboatão dos Guararapes para comentar as denúncias. Até o momento da publicação, não houve resposta. O espaço permanece aberto para esclarecimentos e manifestação dos gestores públicos e vereadores.

Os animais não podem esperar

O abandono da causa animal em Jaboatão dos Guararapes ultrapassa a irresponsabilidade: é um descaso institucionalizado. Os protetores, que atuam com empatia e sacrifício pessoal, pedem apenas o que é direito — políticas públicas básicas, continuidade no atendimento veterinário e respeito.

Mas, ao que tudo indica, o sofrimento animal e o esforço da sociedade civil continuam sendo ignorados por quem deveria agir. E isso, no mínimo, deveria constranger quem governa.

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