terça-feira, abril 1

Isenção do Imposto de Renda sobe para R$ 5 mil e pode beneficiar 10 milhões de brasileiros

Governo envia proposta ao Congresso para elevar faixa de isenção do Imposto de Renda e compensar renúncia fiscal com taxação de altas rendas.

Proposta do governo isenta quem ganha até R$ 5 mil e taxa contribuintes de alta renda. Congresso analisará o projeto. Foto: Fábio Rodrigues

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva anunciou, nesta segunda-feira (18), o envio ao Congresso Nacional de um projeto que eleva a faixa de isenção do Imposto de Renda da Pessoa Física (IRPF) para R$ 5 mil. Caso aprovado, a mudança poderá beneficiar cerca de 10 milhões de brasileiros a partir de 2026.

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, destacou que a proposta busca a justiça social sem comprometer a arrecadação federal. “Com ela, não se pretende arrecadar mais nem menos, mas garantir um alívio financeiro às famílias de menor renda”, afirmou durante a cerimônia no Palácio do Planalto.

O governo ampliará a isenção do IR, renunciando a R$ 25,84 bilhões, e compensará a perda tributando rendas acima de R$ 50 mil mensais e remessas de dividendos para o exterior.

O que muda na tabela do Imposto de Renda?

Se o Congresso aprovar o projeto, a nova tabela do IR começará a valer em 2026. Além da isenção para quem recebe até R$ 5 mil, haverá descontos progressivos para rendas entre R$ 5 mil e R$ 7 mil. Confira os novos valores:

Renda MensalDesconto (%)Imposto Sem Desconto (R$)Imposto Final a Pagar (R$)
R$ 5.000100%R$ 312,89R$ 0
R$ 5.50075%R$ 436,79R$ 202,13
R$ 6.00050%R$ 574,29R$ 417,85
R$ 6.50025%R$ 711,79R$ 633,57
R$ 7.0000%R$ 849,29R$ 849,29

Acima de R$ 7 mil, será aplicada a tabela progressiva do IR normalmente. Atualmente, apenas quem ganha até R$ 2.259,20 está isento do tributo.

Quem pagará mais imposto?

Para equilibrar a renúncia fiscal, o governo propõe aumentar a tributação sobre contribuintes de alta renda. Segundo o Ministério da Fazenda, a medida afetará apenas 0,13% dos declarantes do IRPF, cerca de 141 mil pessoas.

Hoje, essa parcela da população paga, em média, apenas 2,54% de imposto sobre a renda total, já que boa parte de seus rendimentos é isenta. Com a nova regra, a alíquota mínima sobre rendimentos superiores a R$ 50 mil mensais subirá gradualmente até 10%.

Como será feita a tributação sobre altas rendas?

A Receita Federal calculará a renda total anual, considerando salários, aluguéis, dividendos e outros rendimentos. A Receita Federal aplicará a nova alíquota apenas sobre valores que ultrapassem R$ 600 mil anuais (R$ 50 mil por mês). Veja alguns exemplos:

Renda AnualAlíquota Mínima (%)Imposto Mínimo a Pagar (R$)
R$ 600 mil0%Nada
R$ 750 mil2,5%R$ 18,75 mil
R$ 900 mil5%R$ 45 mil
R$ 1,05 milhão7,5%R$ 78,75 mil
R$ 1,2 milhão10%R$ 120 mil

Além disso, dividendos superiores a R$ 50 mil mensais passarão a pagar 10% de Imposto de Renda Retido na Fonte (IRRF). O governo tributará em 10% a remessa de dividendos ao exterior, mas apenas para pessoas físicas e empresas estrangeiras.

Impacto para trabalhadores e autônomos

A proposta não afetará trabalhadores com carteira assinada que já pagam imposto na fonte. Se um contribuinte de alta renda já tiver recolhido 8% de IR ao longo do ano, por exemplo, só precisará complementar os 2% restantes para atingir a nova alíquota mínima de 10%.

E quem recebe por Pix?

O Ministério da Fazenda afirma que a nova regra não afetará trabalhadores informais ou profissionais que recebem pagamentos via Pix, desde que já tenham os rendimentos tributados na fonte. A nova regra foca na tributação de rendimentos isentos, como dividendos e lucros de grandes empresas.

A proposta segue agora para análise do Congresso Nacional. Caso seja aprovada sem alterações, as novas regras entrarão em vigor a partir de 2026. O governo defende que a medida tornará o sistema tributário mais justo, reduzindo desigualdades sem comprometer o equilíbrio fiscal.

A oposição, no entanto, já sinalizou preocupações sobre o impacto da taxação de altos rendimentos no ambiente de negócios do país. O tema promete debates intensos no Legislativo antes de uma decisão final.

O aumento da faixa de isenção do IR para R$ 5 mil pode beneficiar milhões de brasileiros, garantindo maior poder de compra para a população de menor renda. Ao mesmo tempo, a proposta busca equilibrar a arrecadação tributando uma parcela reduzida de contribuintes de alta renda.

Agora, resta acompanhar os desdobramentos no Congresso e os ajustes que podem ser feitos no texto original. Caso aprovada, a medida pode representar uma das maiores mudanças no Imposto de Renda nos últimos anos.

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