quarta-feira, setembro 3

Infraestrutura precária dificulta rotina em Jaboatão

A infraestrutura de Jaboatão dos Guararapes preocupa moradores com ruas esburacadas, obras paralisadas e falta de drenagem adequada.

A estrada de Curcurana no bairro de Barra de Jangada, está cheia de buracos e quando chove alaga causando trantornos a quem circula na via. Foto: Sanchilis Oliveira
A estrada de Curcurana no bairro de Barra de Jangada, está cheia de buracos e quando chove alaga causando trantornos a quem circula na via. Foto: Sanchilis Oliveira/ Portal Fala News

A infraestrutura urbana de Jaboatão dos Guararapes, município localizado na Região Metropolitana do Recife, tem sido motivo de preocupação constante para moradores, comerciantes e especialistas em planejamento urbano. Relatos de vias deterioradas, obras inacabadas e serviços básicos insuficientes fazem parte do cotidiano de diferentes comunidades da cidade.

Situação crítica em bairros e comunidades

Em localidades como Curcurana e Novo Horizonte, conhecido popularmente como Sovaco da Cobra, os problemas são visíveis a olho nu. Ruas esburacadas, falta de iluminação pública e ausência de drenagem adequada comprometem a mobilidade e a segurança da população.

Nas avenidas Ayrton Senna e Bernardo Vieira de Melo, que concentram grande fluxo de veículos, moradores denunciam transbordamento de esgoto em períodos de chuva, agravando ainda mais as condições de tráfego e aumentando riscos à saúde pública.

Além disso, áreas como Loreto, Jardim Piedade e Barra de Jangada enfrentam alagamentos recorrentes, que deixam trechos inteiros submersos. Essa realidade dificulta o acesso de trabalhadores, estudantes e até veículos de emergência.

Rua Laguna na comunidade do Sovaco da Cobra apresenta péssimas condições de acesso. Foto: Sanchilis Oliveira/ Portal Fala News
Rua Laguna na comunidade do Sovaco da Cobra apresenta péssimas condições de acesso. Foto: Sanchilis Oliveira/ Portal Fala News

Encostas em risco

Outro ponto de atenção são as encostas localizadas em comunidades como Manassu e Santo Aleixo. Em períodos de fortes chuvas, a fragilidade estrutural desses terrenos preocupa moradores, que convivem com risco de deslizamentos. Segundo relatos, medidas preventivas ainda não foram implementadas de forma ampla, apesar das reivindicações.

Obras paralisadas na orla

A obra de requalificação da orla entre as praias de Candeias e Barra de Jangada também está no centro das críticas. Orçada em mais de R$ 14 milhões, a intervenção previa conectar a orla até a Ponte do Paiva. No entanto, apenas a primeira etapa foi concluída e já apresenta problemas estruturais.

Para comerciantes locais, a paralisação da obra representa prejuízos econômicos e queda na atratividade turística da região. Sem avanço na execução, o trecho permanece em condições precárias, frustrando as expectativas de moradores e visitantes.

Quase uma década de gestão

Os problemas atuais somam-se a uma década de administração marcada por desafios no setor de infraestrutura. Desde 2017, a cidade vem sendo governada pelo grupo político Ferreira-Medeiros, atualmente representado pelo prefeito Mano Medeiros (PL). Críticos apontam que poucas ações efetivas foram realizadas para enfrentar o cenário.

Em contrapartida, aliados da gestão destacam que os investimentos em infraestrutura demandam altos custos e prazos prolongados, especialmente em um município com mais de 700 mil habitantes e extensão territorial significativa.

Orla de Barra de Jangada com obras paradas desde o fim das eleições de 2024. Foto: Sanchilis Oliveira/ Portal Fala News
Orla de Barra de Jangada com obras paradas desde o fim das eleições de 2024. Foto: Sanchilis Oliveira/ Portal Fala News

O impacto direto na população

Os reflexos da precariedade da infraestrutura atingem diferentes aspectos da vida em Jaboatão:

  • Mobilidade urbana: ruas esburacadas e alagamentos comprometem o transporte público e o tráfego de veículos particulares.
  • Segurança pública: a falta de iluminação em diversas vias aumenta a vulnerabilidade da população a assaltos e acidentes.
  • Saúde: o contato com esgoto e acúmulo de água em áreas alagadas favorece a proliferação de doenças.
  • Economia local: comerciantes relatam queda nas vendas devido à dificuldade de acesso dos clientes em áreas críticas.

Em entrevistas concedidas a veículos locais, moradores expressaram frustração com a ausência de melhorias. “Pagamos nossos impostos e continuamos enfrentando buracos e alagamentos. Parece que a cidade está abandonada”, relatou um morador de Jardim Piedade.

Outro comerciante da orla afirmou: “A obra parada só nos trouxe prejuízo. A praia deveria ser um cartão-postal, mas hoje espanta turistas”.

O que dizem especialistas

Urbanistas ouvidos por especialistas da região destacam que os problemas de Jaboatão não são recentes, mas se agravaram pela falta de planejamento de longo prazo. A ausência de políticas públicas integradas de drenagem, pavimentação e manutenção periódica contribui para o quadro atual.

Para eles, a solução passa pela elaboração de um plano diretor de infraestrutura com foco em sustentabilidade, prevenção de alagamentos e investimentos em obras estruturais.

Perspectivas de futuro

Até o momento, a prefeitura não apresentou um cronograma oficial para a retomada das obras da orla ou para a execução de intervenções emergenciais em bairros mais afetados. O tema deve ganhar destaque no debate político nos próximos anos, principalmente diante da pressão popular por mudanças.

Organizações da sociedade civil têm reforçado a necessidade de diálogo entre poder público, moradores e especialistas. O objetivo é buscar soluções que garantam mais segurança, mobilidade e qualidade de vida à população.

A situação da infraestrutura de Jaboatão dos Guararapes reflete um conjunto de desafios que afetam diretamente o cotidiano de seus habitantes. Com ruas esburacadas, encostas em risco, obras paralisadas e alagamentos frequentes, a cidade enfrenta uma urgência estrutural.

Enquanto a gestão municipal argumenta limitações orçamentárias, moradores e especialistas cobram ações concretas e planejamento eficiente. O futuro da cidade depende da capacidade de transformar reivindicações em políticas públicas eficazes, capazes de reverter anos de precariedade e garantir o desenvolvimento urbano sustentável.

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