sábado, novembro 23

Indústria Brasileira registra maior crescimento desde 2020

Produção da indústria brasileira avança 4,1% em junho, revertendo quedas anteriores e superando níveis pré-pandemia.

Indústria Brasileira cresce 4,1% em junho, maior alta desde 2020.
Indústria Brasileira cresce 4,1% em junho, maior alta desde 2020. Foto: Washington Alves

A indústria brasileira apresentou um crescimento de 4,1% na produção entre maio e junho de 2024, interrompendo dois meses consecutivos de queda. Este avanço é o maior registrado desde julho de 2020, quando a expansão foi de 9,1%. Os dados, divulgados nesta sexta-feira (2) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), destacam uma recuperação significativa do setor industrial, que agora se encontra 2,8% acima do nível pré-pandemia de fevereiro de 2020. No entanto, a produção ainda está 14,3% abaixo do pico histórico alcançado em maio de 2011.

Crescimento Impulsionado por Recuperação Pós-Desastres Naturais

O gerente da pesquisa do IBGE, André Macedo, atribui o expressivo crescimento de junho a vários fatores. Além disso, a base de comparação baixa, devido a quedas de 1,8% nos dois meses anteriores, e o retorno da produção em fábricas afetadas por enchentes no Rio Grande do Sul também impulsionaram o resultado. “Plantas que estavam paralisadas ou com produção muito baixa em maio voltaram à atividade em junho”, explica Macedo. A pesquisa, contudo, não apresenta dados segmentados por unidades da federação, que serão divulgados na próxima quinta-feira (8).

Superação dos Níveis Pré-Pandemia

Apesar de já ter superado o patamar pré-pandemia anteriormente, o crescimento de junho foi mais expressivo, estando 2,8% acima do nível de fevereiro de 2020. “Em abril deste ano, estávamos 0,3% acima. O diferencial agora é o salto significativo, que nos coloca em um patamar mais elevado”, destaca Macedo. Ele também menciona que, embora a produção tenha melhorado, ainda há um longo caminho além disso para alcançar o pico de maio de 2011.

Desempenho dos Setores Industriais

Entre maio e junho, 16 das 25 atividades industriais monitoradas pelo IBGE apresentaram crescimento. Por exemplo, destaques incluem a produção de coque, derivados de petróleo e biocombustíveis, que cresceram 4%, produtos químicos com alta de 6,5%, e produtos alimentícios, que avançaram 2,7%. Além disso, o setor alimentício, representando 15% da atividade industrial nacional, registrou aumentos significativos na produção de açúcar, derivados de soja, suco de laranja e carnes de aves. A indústria extrativa, por sua vez, cresceu 2,5%, impulsionada pelo aumento na produção de minério de ferro e petróleo.

Contribuições positivas adicionais vieram de setores como metalurgia (5%), veículos automotores, reboques e carrocerias (3,1%), bebidas (3,5%), máquinas e equipamentos (2,4%), produtos do fumo (19,8%) e celulose, papel e produtos de papel (1,6%). Em contraste, entre as nove atividades que apresentaram queda, o destaque foi para equipamentos de transportes, que recuaram 5,5%. “As influências negativas vieram de motocicletas e do segmento de bens de capital, como embarcações e aviação. É importante notar que essa atividade tem pouca influência na indústria geral, cerca de 1%”, analisa Macedo.

Adicionalmente, outras influências negativas significativas ocorreram na produção de artefatos de couro, artigos para viagem e calçados (-4,1%), impressão e reprodução de gravações (-9,1%) e confecção de artigos do vestuário e acessórios (-2,7%). O índice de difusão, que mede o percentual de produtos com taxas de crescimento positivo, foi de 43,5%. Embora seja o valor mais baixo do ano, ainda está acima da média de junho dos últimos três anos (37,9%). O IBGE monitora dados de 789 produtos.

Comparação Anual e Acumulado

Comparando junho de 2024 com o mesmo mês do ano anterior, a indústria brasileira cresceu em 18 dos 25 ramos analisados. Destaques incluem a produção de coque, derivados de petróleo e biocombustíveis (4,3%), produtos farmoquímicos e farmacêuticos (17,5%), produtos alimentícios (2,4%), veículos automotores, reboques e carrocerias (5,9%) e equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (18,4%).

No acumulado de 12 meses, com um crescimento de 1,5%, três das quatro grandes categorias de produtos apresentaram resultados positivos: bens semi e não duráveis (3,2%), bens intermediários (1,6%) e bens duráveis (0,7%). O único item em queda foi o de bens de capital (-5,1%).

Perspectivas para o Futuro

O crescimento registrado em junho traz otimismo para o setor industrial brasileiro, especialmente considerando os desafios enfrentados nos últimos anos. A recuperação pós-pandemia, aliada à superação de desastres naturais, demonstra a resiliência da indústria nacional. Contudo, para alcançar níveis históricos de produção, será necessário manter um ritmo consistente de crescimento e inovação nos próximos meses.

Com a continuidade dos investimentos e políticas de apoio à indústria, o Brasil pode se aproximar cada vez mais do seu potencial máximo, contribuindo para o fortalecimento da economia como um todo. As próximas divulgações de dados regionais fornecerão um panorama mais detalhado das áreas que estão liderando essa recuperação e das que ainda enfrentam desafios significativos.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *