Dados divulgados pelo Inpe mostram queda significativa no desmatamento da Amazônia, enquanto o Cerrado enfrenta crescimento preocupante. Especialistas apontam diferenças no tratamento dos biomas pelo governo federal.
Foto: Christian Braga/Greenpeace |
Na tarde desta quinta-feira (3/8), o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) apresentou os resultados do DETER, referentes ao desmatamento ocorrido na Amazônia e no Cerrado durante o mês de julho. De acordo com os dados, os meses de janeiro a julho de 2023 apresentaram uma redução de 42,5% no desmatamento da Amazônia em comparação com o mesmo período do ano anterior. Em contrapartida, o Cerrado registrou um aumento acumulado de 21,7% no desmatamento.
No comparativo mês a mês, o desmatamento na Amazônia apresentou uma queda expressiva de 66% em julho de 2023, quando comparado ao mesmo mês de 2022. Esse resultado foi destacado pelo secretário-executivo do Ministério do Meio Ambiente (MMA), João Paulo Capobianco, durante a apresentação dos dados de junho. Segundo ele, os meses de junho, julho e agosto costumam ter um aumento nos índices de desmatamento, devido ao período de seca, que intensifica as atividades de extração.
Para o professor adjunto do Departamento de Geografia da Universidade de Brasília (UnB), José Sobreiro Filho, a diminuição do desmatamento na Amazônia é atribuída à atuação do governo federal, que buscou enfrentar os problemas e restabelecer políticas públicas que haviam sido extintas ou negligenciadas na gestão anterior. Ele apontou que o governo anterior possuía uma postura política-ideológica que favorecia a elite agrária, buscando flexibilizações ambientais para produção de commodities com preços mais competitivos no mercado. Isso, por sua vez, incentivava o desmatamento e a degradação ambiental.
O professor ressaltou que o atual governo adotou uma postura diferente, o que levou a uma diminuição significativa no desmatamento da Amazônia. Ele destacou que a atuação do governo também contribuiu para a redução de terras obtidas ilegalmente através do desmatamento, promovendo uma luta mais efetiva contra o desmatamento no país.
Por outro lado, os dados do Cerrado mostraram um aumento de 26% no desmatamento em julho de 2023, em relação ao mesmo mês de 2022. José Sobreiro Filho acredita que essa diferença no tratamento dos biomas pelo governo federal é responsável pelos resultados divergentes. Segundo ele, a Amazônia recebe uma atenção especial devido à sua importância internacional e representa uma espécie de “propaganda” rica para o país. Enquanto isso, o Cerrado tem sido historicamente considerado uma área sacrificada para preservar a Amazônia e permitir a expansão da fronteira agrícola.
Os dados divulgados pelo Inpe evidenciam a complexidade do combate ao desmatamento e a importância de políticas públicas efetivas e abrangentes para preservar esses importantes biomas brasileiros. A diminuição na Amazônia é um avanço, mas o aumento alarmante no Cerrado exige atenção imediata para proteger essa região vital para o meio ambiente e a biodiversidade do país.
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