Lançamento será no Festival Latinidades, em Brasília, no sábado (8)
Foto: Marcelo Camargo |
A deputada estadual Olívia Santana
(PCdoB-BA), de 56 anos, lança, no próximo sábado (dia 8), no Festival
Latinidades, em Brasília (DF), o seu primeiro livro: Mulher Preta na
Política (editora Malê). O evento acontece no anexo do Museu Nacional em
Brasília. O festival conta com o apoio da Empresa Brasil de Comunicação (EBC).
O livro aborda, a partir das experiências
pessoais e de pesquisa, as dificuldades que mulheres pretas têm de
chegar e de se estabelecer em cargos eletivos. Segundo a autora, o livro
tem elementos de autobiografia, mas também dialoga com experiências de
outras mulheres negras que se candidataram para o Executivo ou para o
Legislativo. “Eu cito, inclusive as situações de violência política que a
gente vive”, disse, em entrevista à Agência Brasil.
A deputada, que tem mais de 35 anos de
trajetória nas lutas sociais, chegou ao segundo mandato, com 92.559
votos, nas eleições de 2022. A primeira vitória para deputada contou com
57.755 votos.
“Eu sou a única deputada preta da Assembleia
Legislativa no estado mais negro do Brasil”, afirmou a parlamentar. “A
população negra é maioria neste país e, mesmo assim, a gente não tem a
presença refletida adequadamente nos espaços de poder”.
O livro será lançado também no Museu do
Amanhã (no Rio de Janeiro), no dia 15 de julho, e na Casa Mulher com a
Palavra, no Instituto Goethe (em Salvador), em 25 de Julho, Dia
Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha.
De faxineira a deputada
A deputada, que é professora e pedagoga,
trabalhou, antes de chegar ao ensino superior, como faxineira e
merendeira de uma escola. Encantada com o que via em uma sala de aula,
resolveu estudar para ser docente.
Foi com dificuldades que fez o curso de
pedagogia na Universidade Federal da Bahia, ao mesmo tempo em que
trabalhava na faxina. “Imaginem o que faz uma universidade na cabeça de
uma faxineira, favelada e inquieta”, escreveu na introdução do livro.
Minoria
Ela lamenta que dos 63 deputados da
Assembleia Legislativa da Bahia, por exemplo, as mulheres continuem
sendo minoria. “Em 2018, nós éramos dez mulheres e eu era a única mulher
preta.
Agora, só oito mulheres foram eleitas,
apesar de não ter as mesmas ferramentas que os meus colegas homens
tinham para fazer a campanha”.
Mesmo com mandato, ela percebeu momentos em
que era preterida. “A gente sabe quando o racismo e o machismo se
articulam para deixar a gente de fora, ou para a gente ter menos
garantia de emendas parlamentares”.
Além disso, ela identifica que o racismo se
apresenta em diferentes faces. A parlamentar recorda, inclusive,
episódios em que eleitores estranhavam o fato de ela ser candidata ou
parlamentar.
“Nós somos tão poucas nos espaços de poder,
historicamente associados a homens brancos. Essa construção serve também
como um paredão para nos isolar desses espaços e formatar um imaginário
coletivo”.
Olívia Santana foi secretária de Educação e
Cultura de Salvador, e pelo Estado da Bahia, atuou nas secretarias de
Política para Mulheres e de Trabalho, Emprego, Renda e Esporte.
ag Brasil
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