Decisão judicial em Pernambuco provoca reviravolta na CPI da Publicidade da Alepe, anulando atos do PSDB e fortalecendo autonomia parlamentar.

A recente decisão judicial que declarou ilegal a reunião conjunta da Comissão Executiva e da bancada do PSDB em Pernambuco. Trouxe uma reviravolta no cenário da CPI da Publicidade na Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe). A decisão do juiz Fernando Jorge Ribeiro Raposo, da 16ª Vara Cível – Seção B, atendeu a um pedido da deputada estadual Débora Almeida (PSDB), que questionou a legalidade do encontro realizado em 18 de agosto.
A medida não apenas suspendeu os atos decorrentes da reunião, como também anulou a substituição da liderança da bancada. E a saída do partido da base do governo estadual. Com isso, a decisão afetou diretamente a composição da CPI e a condução de seus trabalhos, mostrando como questões internas partidárias repercutem no Legislativo e no interesse público.
Reunião do PSDB considerada ilegal
Segundo o juiz, a reunião descumpriu regras do Estatuto Nacional do PSDB, especialmente no que diz respeito ao prazo mínimo de 25 dias para convocação. Além disso, o juiz considerou irregular a participação do deputado Diogo Moraes, filiado há menos de quatro dias, porque ele não compareceu ao encontro e seu voto não pôde ser computado.
Na decisão, o magistrado afirmou que “todos os termos deliberados na Ata da Reunião […] estão maculados por vício formal e material, que impedem a produção de quaisquer efeitos”.
Essa sentença demonstra que a formalidade no processo de decisão partidária é um ponto crítico para a validade dos atos políticos e parlamentares. O juiz barrou a tentativa de alterar a liderança da bancada do PSDB. E indicar representantes para a CPI devido a falhas na observância das normas internas do partido.

Efeitos imediatos da decisão
A decisão judicial determinou a suspensão de todos os atos decorrentes da reunião, incluindo:
- Nulidade da substituição da liderança de Débora Almeida pelo deputado Diogo Moraes;
- Manutenção do PSDB na base do governo e nulidade da saída do bloco parlamentar;
- Suspensão da indicação de representantes para a CPI feita por Diogo Moraes;
- Determinação de multa diária de R$ 50 mil em caso de descumprimento por parte da Alepe.
Esses efeitos evidenciam que o cumprimento das normas estatutárias e a observância da legalidade são essenciais para garantir a legitimidade das decisões internas dos partidos e, por consequência, para preservar a ordem e a autonomia parlamentar.
Implicações para a CPI da Publicidade
A decisão impactou diretamente a CPI da Publicidade. Que tem o objetivo de fiscalizar a aplicação de recursos públicos em comunicação institucional e campanhas do governo estadual. A tentativa de alteração da liderança da bancada do PSDB e da saída do partido da base poderia alterar a composição da comissão e a definição de seus membros.
Com a suspensão da reunião, a decisão anulou os atos que poderiam ter comprometido a independência da CPI, preservou a configuração atual da Alepe e garantiu que a comissão funcione dentro dos parâmetros legais e regimentais.
Liderança da bancada e autonomia parlamentar
Um dos pontos centrais da decisão foi a reafirmação de que a escolha da liderança da bancada na Alepe não cabe a órgãos partidários, mas sim ao próprio Parlamento. Essa posição fortalece a autonomia legislativa e reforça a ideia de que partidos não podem impor mudanças na condução de comissões de investigação por meio de decisões internas que desrespeitem regras formais.
Especialistas em Direito Eleitoral e Processual destacam que a decisão reforça a separação entre organização partidária e atuação parlamentar. A independência do Legislativo é um pilar essencial para garantir que CPIs e outras comissões cumpram seu papel de fiscalização sem interferência externa indevida.
Contexto da disputa interna no PSDB
A reunião questionada refletiu divergências internas do PSDB em Pernambuco, principalmente sobre a postura do partido frente ao governo estadual. Enquanto uma ala defendia a manutenção do alinhamento com o governo, outra buscava maior protagonismo em comissões parlamentares, como a CPI da Publicidade.
A decisão judicial mostrou que, independentemente da estratégia política interna, a observância das normas estatutárias e a legalidade formal prevalecem. O Judiciário pode anular movimentos que descumprem prazos ou procedimentos previstos no estatuto, impedindo mudanças que alterariam a representação do partido na Alepe.
Posição dos deputados envolvidos
A deputada Débora Almeida entrou com a ação alegando irregularidades na reunião e questionando a legitimidade das decisões tomadas. Já o deputado Diogo Moraes, que havia sido indicado como novo líder da bancada e representante na CPI, não pôde ter sua posição formalizada devido à decisão judicial.
A direção estadual do PSDB ainda não se pronunciou oficialmente sobre a sentença, mas qualquer ação futura dependerá da análise de recursos legais.
Análise jurídica da decisão
Juristas apontam que a decisão segue precedentes de intervenção judicial em disputas internas partidárias quando há questionamento formal da legalidade. A professora Maria Clara Bezerra, da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), afirmou que “o juiz aplicou estritamente o estatuto do partido. Considerando prazo de convocação e filiação recente de deputado para declarar a nulidade”.
Essa decisão reforça que CPIs e outras comissões de investigação só podem operar legitimamente quando respeitam regras formais de composição e liderança. Evitando que interesses internos partidários prejudiquem processos de fiscalização.
Reflexos políticos na Alepe
A decisão impacta diretamente a correlação de forças dentro da Alepe, mantendo o PSDB na base do governo e preservando a liderança da deputada Débora Almeida. Além disso, com a nulidade da reunião, a Justiça impede alterações na composição da CPI da Publicidade. Assegurando que, portanto, os trabalhos da comissão não sejam prejudicados por disputas internas do partido.
Essa situação evidencia como movimentos políticos internos podem gerar efeitos amplos na atuação parlamentar, especialmente quando envolvem comissões de investigação de interesse público.
Transparência e legalidade como pilares
O caso demonstra que transparência, cumprimento do estatuto partidário e respeito à legislação são fundamentais para garantir a legitimidade de atos políticos e parlamentares. Qualquer tentativa de interferência indevida em comissões de investigação, mesmo por estratégia partidária, pode ser contestada judicialmente e revertida.
A reviravolta reforça ainda que as regras formais existem para proteger não apenas o partido, mas a sociedade, assegurando que CPIs e outros instrumentos de fiscalização cumpram seu papel com credibilidade.
Próximos passos e expectativas
O processo ainda cabe recurso, e a direção do PSDB pode questionar a decisão em instâncias superiores. Enquanto isso, todos os atos da reunião permanecem suspensos, e a Alepe está obrigada a cumprir a determinação judicial sob pena de multa diária.
A expectativa é que, com a manutenção da atual liderança e composição, a CPI da Publicidade siga seu curso, respeitando normas regimentais e garantindo o papel fiscalizador do Parlamento.
A decisão judicial que anulou a reunião do PSDB em Pernambuco representa mais do que uma disputa interna: é uma reafirmação da importância da legalidade, da transparência e da autonomia parlamentar. A reviravolta na CPI da Publicidade reforça que movimentos internos de partido não podem comprometer o funcionamento de comissões de investigação e que a observância de regras formais é essencial para preservar a credibilidade do Legislativo.
Para a sociedade, o episódio é um lembrete de que instrumentos de fiscalização só cumprirão seu papel quando blindados contra disputas partidárias. Para a política estadual, a reviravolta evidencia a complexidade das relações internas de partidos e a necessidade de respeitar estatutos e normas legais.
A Alepe e o PSDB agora enfrentam o desafio de conduzir os próximos passos da CPI da Publicidade dentro de um cenário de maior transparência, respeitando os limites da legalidade e garantindo que a investigação siga seu curso sem interferências indevidas.
A pergunta que não quer calar: Até que ponto disputas internas partidárias podem interferir no andamento de uma comissão de investigação que deve zelar pelo interesse público?

CEO do Portal Fala News, Jornalista pela UNIFG, licenciado em Letras PT/ES pela FAESC, formado em psicanálise pela ABEPE, pós-graduado em linguística aplicada as línguas portuguesa e espanhola pela FAESC, e MBA em Marketing Digital e Mídias Sociais pela UniNassau. Analista de política e economia, colunista sobre psicanálise, amante dos livros e dedicado a levar informação com transparência e credibilidade.