segunda-feira, agosto 11

Danilo Cabral cai da Superintendência da Sudene

Danilo Cabral anuncia saída da Sudene após pressões políticas. Divergências sobre a Transnordestina motivaram mudança no comando do órgão regional.

Danilo Cabral deixa Sudene após dois anos no cargo
Danilo Cabral deixa Sudene após dois anos no cargo. Foto: Reprodução/ Instagram

O ex-deputado federal Danilo Cabral anunciou, nesta segunda-feira (05), sua saída da Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (Sudene), após dois anos e dois meses à frente do órgão. Danilo Cabral comunicou a saída por meio de sua conta oficial no Instagram, onde destacou o “compromisso com o Nordeste” e agradeceu ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), ao ministro da Integração e Desenvolvimento Regional, Waldez Góes (PDT), e à equipe da autarquia.

A exoneração, no entanto, ocorre em meio a uma crescente pressão de lideranças políticas e empresariais do Ceará, incluindo o governador Elmano de Freitas (PT) e representantes da Transnordestina Logística S.A. (TLSA), concessionária responsável pela obra da ferrovia Transnordestina.

Divergência entre estados acirrou disputa política

A principal controvérsia envolvia o trecho da ferrovia entre o Porto de Suape e o município de Salgueiro, ambos em Pernambuco. Danilo Cabral vinha defendendo a inclusão e execução desse traçado, considerado estratégico para o desenvolvimento logístico e econômico do estado.

Por outro lado, setores políticos e econômicos cearenses pressionavam por maior foco no trecho que liga o interior do Ceará ao Porto do Pecém. Segundo fontes ouvidas pela imprensa nacional, a discordância entre os interesses estaduais teria gerado desconforto com a condução do superintendente, resultando em sua saída.

Durante visita recente ao Ceará, lideranças locais abordaram diretamente o presidente Lula sobre o tema. Embora os senadores pernambucanos Humberto Costa (PT) e Teresa Leitão (PT) tenham tentado manter Danilo no cargo, o governo federal confirmou a exoneração nos bastidores.

Nota oficial e reação nas redes sociais

Na mensagem de despedida, Danilo declarou:

“Comunico meu desligamento da Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (Sudene), após dois anos e dois meses de intensa dedicação. Foi uma honra servir ao Brasil, em especial ao povo nordestino, nesse período desafiador e transformador”.

Ele finalizou afirmando que seguirá atuando em favor do desenvolvimento da região:

“A Sudene voltou! Continuarei atuando em favor do desenvolvimento do Nordeste — especialmente de Pernambuco, minha terra natal — com o olhar firme na superação das desigualdades e na melhoria da qualidade de vida do nosso povo.”

A publicação gerou diversas manifestações de apoio nas redes sociais, especialmente de aliados e lideranças pernambucanas.

Sudene: papel estratégico e desafios

A Sudene é um órgão federal criado para promover o desenvolvimento sustentável da região Nordeste, além de parte de Minas Gerais e do Espírito Santo. A autarquia tem papel estratégico na articulação de políticas públicas, na gestão de incentivos fiscais e na execução de projetos estruturantes.

Durante a gestão de Danilo Cabral, a Sudene foi protagonista de debates sobre investimentos logísticos, inclusão digital e infraestrutura hídrica. A autarquia também teve papel importante na retomada de projetos estratégicos e em articulações com o Novo PAC.

Próximos passos

Ainda não há definição oficial sobre o nome que assumirá a Superintendência da Sudene. Nos bastidores, especula-se que o próximo indicado seja um nome de consenso entre os estados do Nordeste, com trânsito político entre PT e MDB.

A substituição também é vista como parte de um movimento mais amplo de reposicionamento político do governo federal na região, especialmente diante da aproximação das eleições municipais de 2026.

A saída de Danilo Cabral da Sudene expõe as tensões regionais em torno de grandes projetos de infraestrutura e revela as complexas articulações políticas que envolvem a gestão de cargos estratégicos no governo federal. Ainda que o ex-superintendente deixe o posto com elogios de aliados e destaque por sua atuação técnica, a pressão política prevaleceu na condução da mudança.

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