sábado, agosto 16

Câmara de Olinda vota impeachment de Mirella Almeida

Câmara de Olinda vota admissibilidade de pedido contra prefeita Mirella Almeida, feito por Antônio Campos.

Impeachment de Mirella Almeida entra na pauta da Câmara. Foto: Júlio Gomes

A Câmara Municipal de Olinda deve analisar, nesta quinta-feira (26), a admissibilidade do pedido de impeachment da prefeita Mirella Almeida (PSD). O requerimento foi protocolado pelo advogado e ex-candidato a prefeito Antônio Campos, que alega irregularidades na gestão, especialmente no que diz respeito à transparência e à relação institucional com o Legislativo.

A sessão está prevista para as 10h e, para que o pedido avance, são necessários pelo menos cinco votos favoráveis entre os vereadores presentes. O quórum mínimo para a votação é de nove parlamentares. A decisão caberá ao plenário da Casa Bernardo Vieira de Melo, sob a presidência do vereador Saulo Holanda (MDB).

Acusações de descumprimento legal

De acordo com Antônio Campos, a administração de Mirella Almeida e de seu vice-prefeito, Chiquinho, estaria descumprindo obrigações legais desde o início do mandato. Entre os principais pontos levantados no pedido, estão:

  • Falta de transparência na transição de governo;
  • Ausência de prestação de contas do Carnaval 2025, cuja entrega já ultrapassou em mais de 100 dias o prazo legal de 30 dias;
  • Reiteração de pedidos de informação ignorados por parte da maioria dos vereadores;
  • Não pagamento de emendas impositivas aprovadas pela Câmara.

Campos afirma que o governo “age como se estivesse acima da lei”. Segundo ele, a prefeita teria desrespeitado normas básicas de responsabilidade administrativa e ignorado reiteradamente a necessidade de prestar contas à população e aos órgãos fiscalizadores.

“É uma boa aluna do pseudo professor Lupércio”, disse o advogado, em referência ao ex-prefeito de Olinda, ao qual a atual gestão estaria, segundo ele, ideologicamente vinculada.

Processo político-administrativo

O pedido de impeachment tem como base legal a Lei Orgânica do Município e o Decreto-Lei nº 201/1967, que regula a responsabilidade dos prefeitos e vereadores. Embora a admissibilidade do processo, se aprovada, não resulte no afastamento imediato da gestora, ela marca, por outro lado, o início de uma apuração mais aprofundada por parte de uma comissão parlamentar.

Se o processo for admitido, especialistas explicam que, primeiro, os vereadores formarão uma comissão mista; em seguida, investigarão as denúncias dentro de um prazo definido; depois, apresentarão um parecer, que, por fim, o plenário votará.

Posição do Legislativo e do Executivo

Até o fechamento desta matéria, a prefeita Mirella Almeida e o vice-prefeito Chiquinho não haviam se pronunciado publicamente sobre o pedido. A assessoria da Prefeitura também não respondeu aos questionamentos da reportagem enviados por e-mail e telefone institucional.

O presidente da Câmara, vereador Saulo Holanda (MDB), afirmou que seguirá o rito previsto no regimento interno e garantiu que todas as fases do processo ocorrerão com transparência e respeito ao contraditório.

A base de apoio da prefeita na Câmara ainda não se manifestou oficialmente sobre como votará a admissibilidade. A oposição, por sua vez, já sinalizou apoio à abertura do processo, mas o resultado dependerá da presença e da posição de parlamentares independentes.

O que acontece se o pedido for aceito?

Caso a Câmara aprove a admissibilidade do impeachment:

  • Os vereadores sortearão três nomes para compor uma comissão especial;
  • A comissão notificará a prefeita, que terá dez dias para apresentar sua defesa;
  • Após a análise, a comissão elaborará um relatório e o submeterá novamente ao plenário;
  • O plenário só cassará o mandato da prefeita se dois terços dos vereadores votarem a favor.
  • O processo só resultará em cassação se houver maioria qualificada (dois terços dos votos) em plenário.

A votação desta quinta-feira representa um momento delicado na política de Olinda. Embora a admissibilidade do pedido de impeachment não determine culpa nem implique afastamento imediato da prefeita, o encaminhamento do processo pode provocar instabilidade na gestão e impactar diretamente o cenário político local.

O caso seguirá em destaque, com expectativa de novos posicionamentos por parte da prefeita, dos vereadores e dos órgãos de controle, como o Tribunal de Contas do Estado (TCE-PE) e o Ministério Público de Pernambuco (MPPE), citados na denúncia.

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