Retorno da banda Cordel do Fogo Encantado une teatro, música e poesia em celebração à cultura nordestina e à oralidade popular.

Na última terça-feira (5), ao final da tarde, os fãs da cultura popular nordestina foram surpreendidos com uma notícia aguardada há anos: o retorno da banda Cordel do Fogo Encantado. O anúncio foi feito pelo perfil oficial do grupo no Instagram (@cfeoficial), com uma imagem marcante e a legenda:
“Chegou a hora e estamos prontos. Cordel do Fogo Encantado de volta.”
O retorno marca mais do que uma volta aos palcos. É a reafirmação de um movimento artístico que transcende a música. Com raízes na poesia oral, no teatro popular e nos tambores do sertão, o Cordel do Fogo Encantado carrega consigo um legado de resistência, ancestralidade e invenção estética.
Linha do Tempo da Trajetória
1999 – A gênese encantada:
O grupo surge em Arcoverde (PE), fruto da fusão entre música, teatro e poesia. Os membros fundadores são:
- Lirinha (voz e poesia)
- Emerson Calado (percussão)
- Rafael Almeida (percussão)
- Nego Henrique (percussão, voz)
- Clayton Barros (violão e direção musical)
2001 a 2006 – Trilogia inaugural:
Durante esse período, a banda lança três álbuns que se tornaram referência na música brasileira:
- Cordel do Fogo Encantado (2001)
- O Palhaço do Circo sem Futuro (2002)
- Transfiguração (2006)
2010 – Pausa na jornada:
Com a saída de Lirinha, o grupo entra em recesso. Os integrantes seguem projetos individuais, mas a força simbólica da banda permanece viva.
2018 – Retorno poético:
O álbum Viagem ao Coração do Sol marca o reencontro do Cordel com seu público e a volta de Lirinha à liderança poética do grupo.
2025 – Nova etapa:
A publicação de 5 de agosto representa o início de mais um ciclo. Sem muitos detalhes divulgados até agora, o anúncio sinaliza a retomada da caminhada nos palcos e na cena cultural brasileira.
Por que o retorno do Cordel do Fogo Encantado importa?
O regresso da banda ocorre em um contexto social e cultural que clama por reencontros com as raízes. O Cordel do Fogo Encantado representa a arte como instrumento de encantamento, crítica e pertencimento. Em tempos de desafios para a cultura, sua volta é simbólica e política.
Pontos que tornam esse retorno relevante:
- Valoriza a oralidade e a tradição popular nordestina
- Reafirma o papel da poesia como resistência cultural
- Resgata o poder da música como performance e ritual
- Inspira novas gerações de artistas e ouvintes
Além da música: um movimento cultural
O Cordel sempre foi mais do que uma banda. É performance, poesia falada, evocação mística e expressão coletiva. Em entrevista ao Centro de Pesquisa e Formação do Sesc em 2018, Lirinha destacou que o grupo “se formou a partir de uma necessidade de expressão que não cabia nas formas tradicionais da indústria musical”.
Essa característica continua presente no atual retorno: uma conexão com o tempo presente sem abandonar a essência ancestral.
Até o momento, não foram divulgadas datas de shows, turnê ou lançamento de novas músicas. No entanto, a simples confirmação do retorno já movimenta a cena cultural e gera grande expectativa entre os admiradores da banda.
O retorno do Cordel do Fogo Encantado em 2025 reacende mais do que uma trajetória musical. É uma reaproximação com o sagrado da palavra, o encantamento dos corpos em cena e a chama de uma cultura que resiste, vibra e pulsa. Uma volta que, mais do que ser anunciada, precisa ser sentida.
Bem vindo de volta, Encantados
Ao seu som, seu tambor, Arretado
Fazer o chao tremer, Energizado
Causar canto no peito, Emocionado
Subir no palco e chover, Encharcado
Contar historias em canto, Recitado
Poesias no peito, encravado
Por voltar aos palcos, Obrigado.
Leo Camilo

Graduado em História, com especialização em Ensino de História das Artes e das Religiões, e em Logística, com MBA em Gestão da Produção. Amante das artes e da percussão, é escritor de contos, músicas, poesias, cordéis e esquetes teatrais. Já atuou como ator em peças de teatro, unindo paixão pela cultura e expressão artística.