quarta-feira, agosto 27

Austrália e China negociam avanço comercial

O primeiro-ministro Anthony Albanese visita a China para fortalecer o comércio, discutindo segurança regional e cooperação bilateral em seis dias de agenda.

Albanese da Austrália e Xi Jinping da China discutem comércio e segurança entre países. Foto - Getty Imagens
Albanese da Austrália e Xi Jinping da China discutem comércio e segurança entre países. Foto – Getty Imagens

O primeiro-ministro da Austrália, Anthony Albanese, inicia neste fim de semana uma visita oficial de seis dias à China. O objetivo central da viagem é consolidar os laços com o maior parceiro comercial do país, discutindo segurança regional, comércio e outras áreas de interesse comum.

Segundo o governo australiano, a agenda inclui encontros em Pequim, Xangai e Chengdu, marcando a primeira visita oficial de Albanese ao país desde sua reeleição em maio.

“Meu governo continuará a cooperar com a China onde for possível, discordar onde for necessário e atuar no interesse nacional”, declarou Albanese em nota oficial.

Relação econômica estratégica

A China representa cerca de um terço do comércio total australiano. Albanese enfatizou a importância dessa relação para a economia doméstica:

“O relacionamento com a China significa empregos na Austrália. É simples assim”, afirmou a jornalistas.

A delegação australiana inclui executivos de grandes bancos como Macquarie e HSBC Austrália, além de representantes de mineradoras como Rio Tinto, BHP e Fortescue. A pauta inclui temas como energia verde, comércio de minérios e investimentos em tecnologia.

Segundo o Australian Financial Review, os encontros devem buscar avanços em áreas como:

  • Remoção de tarifas e barreiras comerciais
  • Cooperação em energias renováveis
  • Incentivo a investimentos bilaterais

Contexto diplomático e de segurança

O relacionamento entre os dois países viveu tensões recentes, incluindo tarifas punitivas chinesas e acusações de interferência estrangeira. Em novembro de 2023, Albanese foi o primeiro líder australiano a visitar Pequim em sete anos, abrindo caminho para a redução de tarifas e a retomada de diálogo construtivo.

Apesar da aproximação, há temas sensíveis que permanecem em pauta:

  • AUKUS: O pacto de submarinos nucleares com Reino Unido e EUA, criticado por Pequim.
  • Mar do Sul da China: Áreas disputadas onde a China expande sua presença militar.
  • Direitos humanos: Como o caso do escritor australiano Yang Hengjun, condenado na China sob acusações de espionagem que ele nega.

Analistas, como James Laurenceson, do Australia-China Relations Institute, afirmam que ambos os lados reconhecem as diferenças, mas buscam evitar que elas definam o relacionamento:

“Eles precisam manter a política estável e construtiva para que negócios, universidades e organizações culturais possam avançar em suas áreas.”

Visão estratégica australiana

Embora a visita seja vista por Pequim como um gesto positivo — o Global Times classificou-a como de “significado especial” — há tensões no plano geopolítico.

O ministro da Defesa australiano, Richard Marles, cobrou explicações de Pequim sobre o “extraordinário aumento militar” e classificou exercícios chineses no Mar da Tasmânia como “incomuns”.

Por outro lado, o governo de Albanese tem apoio doméstico para a estratégia de engajamento equilibrado. Especialistas avaliam que a Austrália precisa diversificar parcerias, mas sem comprometer sua segurança ou soberania.

Bryce Wakefield, diretor do Australian Institute for International Studies, avalia:

“Essa é uma diplomacia mais madura, evitando as recriminações de anos anteriores.”

Impactos esperados da visita

A expectativa é que o encontro com o presidente Xi Jinping, o premiê Li Qiang e outras autoridades chinesas traga avanços práticos, como:

  • Redução de barreiras comerciais
  • Fortalecimento de investimentos mútuos
  • Cooperação em energia limpa
  • Diálogo contínuo sobre segurança regional

A visita sinaliza uma tentativa de equilibrar interesses estratégicos e comerciais em um cenário global incerto. Observadores afirmam que, apesar de diferenças persistentes, a tendência é de estabilização gradual dos laços bilaterais.

A visita de Albanese à China busca reforçar o comércio e manter o diálogo em segurança regional, sinalizando uma política externa mais pragmática e madura. Apesar de divergências importantes, a Austrália procura manter relações comerciais fortes com a China, seu maior parceiro, em um cenário global de crescentes tensões geopolíticas.

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