sábado, agosto 16

Arlindo Cruz: O Canto que Permanece

Homenagem a Arlindo Cruz, ícone do samba e do pagode, que marcou gerações com seu talento, espiritualidade e legado cultural.

Arlindo Cruz em momento de emoção no palco.
Arlindo Cruz em momento de emoção no palco. Crédito: Instagram oficial do artista (@arlindocruzobem).

Arlindo Domingos da Cruz Filho nasceu no subúrbio carioca, em 14 de setembro de 1958, cercado por música e afeto. Cresceu vendo o pai no cavaquinho, a mãe no pandeiro e outros familiares no violão. Desde cedo, o samba se tornou o idioma da sua vida.

Início da carreira no Cacique de Ramos

A virada decisiva veio no início dos anos 80, nas rodas do lendário Cacique de Ramos. Ali, ainda jovem, compôs sucessos que logo seriam gravados por nomes importantes. Entre os padrinhos dessa trajetória, Beth Carvalho foi a mais marcante: reconheceu o talento do jovem sambista, gravou suas canções e o apresentou a um público mais amplo, abrindo-lhe caminhos no cenário nacional.

Fundo de Quintal e carreira solo

Durante mais de uma década, Arlindo brilhou no Fundo de Quintal, ajudando a transformar a história do pagode e do samba. Mas foi na carreira solo que consolidou seu lugar entre os grandes, especialmente com o DVD MTV ao Vivo: Arlindo Cruz (2009), que alcançou mais de 100 mil cópias vendidas.

Espiritualidade e influência afro-brasileira

O samba de Arlindo é também um reflexo da sua espiritualidade. Devoto do candomblé, ele levava para os palcos o respeito às raízes afro-brasileiras, sempre exaltando a diversidade e a fé como elementos centrais de sua arte.

Principais sucessos

Entre seus sucessos mais lembrados estão O Show Tem Que Continuar, Meu Lugar, O Que É o Amor, Bagaço da Laranja, Será que É Amor e Camarão que Dorme a Onda Leva.
No mundo digital, Será que É Amor segue como a faixa mais ouvida nas plataformas de streaming.

O AVC e a luta pela vida

Em 2017, um AVC hemorrágico mudou o curso da sua vida. Mesmo com limitações físicas e longos períodos de tratamento, Arlindo manteve a presença serena e inspiradora. Sua luta foi acompanhada de perto pelo público, que nunca deixou de cantar suas músicas.

Despedida e homenagens

No dia 8 de agosto de 2025, o samba perdeu um de seus poetas maiores. A despedida foi marcada por homenagens comoventes. Zeca Pagodinho se referiu a ele como “meu compadre” e desejou que descansasse em paz. Mumuzinho agradeceu por ter aprendido a cantar com ele, “sem medo de experimentar”. Neguinho da Beija-Flor, Ana Maria Braga e tantos outros ressaltaram a generosidade e o legado de Arlindo Cruz.

Legado eterno no samba

Hoje, sua voz ecoa como prova de que “o show tem que continuar”. Mais que um sambista, Arlindo foi um símbolo de resistência cultural, devoção e alegria — um artista que vive eternamente em cada roda de samba, em cada batida de tambor, em cada coração que já se emocionou ao ouvir sua poesia.

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