terça-feira, abril 1

Aliança Campos-Coelhos sob bloqueio de bens e questionamentos

A parceria política entre os Campos e Coelhos ressurge no cenário eleitoral, mas o bloqueio de bens revela as contradições dessa união.

João Campos e Miguel Coelho lideram novas candidaturas enquanto a aliança entre suas famílias ainda carrega bloqueios de bens e acusações de corrupção.
João Campos e Miguel Coelho lideram novas candidaturas enquanto a aliança entre suas famílias ainda carrega bloqueios de bens e acusações de corrupção. Foto: Divulgação

A política pernambucana nunca foi imune a alianças controversas, mas a parceria entre as famílias Campos e Coelho segue sendo uma das mais duradouras e, ao mesmo tempo, mais questionadas. Recentemente, uma nova polêmica colocou essa aliança no centro das atenções: a Justiça bloqueou R$ 258 milhões em bens de Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE) e do espólio do ex-governador Eduardo Campos, como parte de uma ação de improbidade administrativa no âmbito da Operação Lava Jato. Essa medida vem a público em meio a uma série de negócios políticos que envolvem os Coelhos e os Campos, tanto no campo das disputas eleitorais quanto nas questões judiciais que ainda pairam sobre eles.

Uma aliança de longa data, agora sob suspeita

A relação entre os Campos e os Coelhos, que já foi símbolo de união no PSB, agora transita entre partidos distintos, mas sem perder sua essência. O prefeito do Recife, João Campos, filho do ex-governador Eduardo Campos, representa a continuidade política dessa aliança. Recentemente, ele foi apontado como o nome da Frente Popular na disputa pelo governo de Pernambuco em 2026, uma candidatura que está longe de ser dissociada dos interesses de Fernando Bezerra Coelho, ex-senador do MDB e uma das figuras mais influentes de Pernambuco.

Em uma política onde os negócios e as disputas de poder caminham lado a lado, os Coelhos e os Campos não apenas compartilharam alianças eleitorais ao longo dos anos, mas também têm seus nomes envolvidos em processos judiciais, como o caso recente de corrupção relacionado à Refinaria Abreu e Lima. Bezerra Coelho, quando ocupava o cargo de secretário de Desenvolvimento de Pernambuco e presidente do Porto de Suape, recebeu mais de R$ 40,7 milhões em propinas de empreiteiras para facilitar contratos no projeto de construção da refinaria. Além dele, o espólio de Eduardo Campos, falecido em 2014, também sofreu o bloqueio de bens, o que reacendeu uma série de questionamentos sobre a gestão do ex-governador e o envolvimento de sua administração com o esquema de corrupção que ainda ecoa na política nacional.

O bloqueio de bens e a falta de transparência

O bloqueio de R$ 258 milhões determinado pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4) não é apenas mais uma medida judicial; é um reflexo das contradições dessa aliança política que, por um lado, busca o fortalecimento no campo eleitoral, mas, por outro, se vê envolvida em escândalos e processos judiciais. A decisão não se limita ao impacto jurídico, mas amplia a percepção de que figuras políticas de grande influência em Pernambuco, como os Coelhos e os Campos, continuam operando em um contexto de negócios que estão longe de serem claros e livres de questionamentos.

Embora a defesa de Fernando Bezerra Coelho e do espólio de Eduardo Campos tenha sinalizado que recorrerá da decisão, a verdade é que o bloqueio de bens é apenas a ponta do iceberg em um cenário mais complexo de relações entre poder político, contratos públicos e desvios de recursos. Como sempre, as famílias que dominam o cenário político local, se envolvem em projetos que buscam perpetuar suas posições, ao mesmo tempo que continuam a responder a questionamentos sobre o uso de recursos públicos e a transparência em suas gestões.

Eduardo Campos participa do ato de inauguracao do comite central de Paulo Camara, candidato a governador de Pernambuco pelo PSB. FOTO: DIVULGA‚ÌO
RECIFE,PE – 12/07/2014 – Eduardo Campos participa do ato de inauguracao do comite central de Paulo Camara, candidato a governador de Pernambuco pelo PSB. FOTO: ROBERTO PEREIRA

A aliança e os negócios políticos

É inegável que a aliança entre Campos e Coelhos é estratégica, não só no campo eleitoral, mas também no jogo de poder e influência que se estende por diversos setores da economia de Pernambuco. Enquanto João Campos e Miguel Coelho, ex-prefeito de Petrolina, estão em plena construção de suas candidaturas — João, para o governo de Pernambuco e Miguel, para o Senado —, a parceria entre os dois clãs vai além das urnas. Ela é uma aliança em negócios políticos que visa garantir a manutenção de suas bases eleitorais e do controle político no estado.

No entanto, não se pode ignorar que essa aliança também está entrelaçada com processos judiciais que envolvem figuras chave desses grupos. As investigações e as ações da Lava Jato, como a que resultou no bloqueio de bens de Fernando Bezerra Coelho e do espólio de Eduardo Campos, expõem o lado sombrio de uma política onde, muitas vezes, interesses pessoais e familiares se sobrepõem ao bem público. E enquanto esses processos seguem seus caminhos nas esferas judiciais, a política local avança em busca de mais poder.

Entre alianças e processos judiciais

A parceria histórica entre os Campos e os Coelhos continua a ser um dos pilares da política em Pernambuco, mas agora, ao lado dos seus projetos eleitorais, ela também carrega o peso das acusações de corrupção e dos bloqueios judiciais. A aliança entre esses dois grupos parece ser sustentada por negócios políticos e interesses familiares que se entrelaçam ao longo de décadas. Entretanto, com o TRF4 colocando os Coelhos no centro das investigações, fica claro que essa aliança, apesar de consolidada no plano eleitoral, ainda é profundamente marcada por questões judiciais e processos que podem afetar sua imagem pública.

À medida que João Campos se prepara para disputar o governo e Miguel Coelho traça sua trajetória para o Senado, é essencial que os eleitores observem não apenas as propostas dos candidatos, mas também o histórico dessas alianças e os desdobramentos judiciais que continuam a moldar o cenário político de Pernambuco. Afinal, em uma política onde os negócios e a justiça se cruzam, a transparência e a responsabilidade devem ser os principais critérios de avaliação para aqueles que buscam o poder.

Pergunta que não quer calar:

Até onde vai a influência da aliança entre Campos e Coelhos em Pernambuco, especialmente com os bloqueios de bens e os processos judiciais que os envolvem?

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