sábado, setembro 7

Ações policiais em favelas do Rio causam prejuízo de R$ 14 milhões anuais, diz pesquisa

Moradores relatam impactos econômicos e sociais negativos decorrentes de operações policiais nas comunidades

Rio de Janeiro
Foto: Carl de Souza/AFP
Um estudo inédito realizado pelo Centro de Estudos de Segurança e Cidadania (CESeC) revelou que as ações policiais nas favelas do Rio de Janeiro resultam em um prejuízo anual de pelo menos R$ 14 milhões para os moradores dessas comunidades. A pesquisa, intitulada “Favelas na Mira do Tiro: Impacto da Guerra às Drogas na Economia dos Territórios”, foi lançada na segunda-feira (15) e baseou-se em entrevistas com 400 moradores do Complexo da Penha e 400 do Complexo de Manguinhos, ambos na zona norte da cidade, áreas com maior incidência de tiroteios decorrentes de ações policiais entre junho de 2021 e maio de 2022.
De acordo com o estudo, 60,4% dos moradores que exerciam atividades remuneradas nos complexos da Penha e de Manguinhos ficaram impedidos de trabalhar devido às operações policiais ocorridas ao longo do ano anterior à pesquisa. Eles relataram uma média de 7,5 dias de trabalho perdidos, o equivalente a 2,8% de um ano com 264 dias úteis, resultando em uma perda anual de R$ 9,4 milhões, considerando a renda média da população acima de 18 anos nesses territórios.
Além disso, os prejuízos decorrentes da reposição ou reparo de bens danificados pelas ações violentas somam R$ 4,7 milhões por ano nos dois complexos. Assim, o estudo estima um prejuízo anual de aproximadamente R$ 14 milhões em consequência das ações policiais.
Os moradores também relataram outros impactos, como a impossibilidade de utilizar meios de transporte (56,6%), realizar atividades de lazer (42,8%), receber encomendas (33,3%), comparecer a consultas médicas (32,3%), e estudar (26%).
A coordenadora de pesquisa do CESeC, Rachel Machado, destacou que esses prejuízos são resultado de ações violentas e desordenadas do Estado e afetam diretamente a vida dos moradores. A pesquisa reforça a necessidade de repensar as políticas de segurança nas favelas do Rio de Janeiro para minimizar os impactos negativos sobre a população local.

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