quarta-feira, setembro 10

Tentativa da oposição na Alepe fracassa e instalação da CPI é anulada

Nova reunião será marcada na Alepe para definir integrantes após decisão de Álvaro Porto anular a CPI da Publicidade.

Pedido de CPI na Alepe expõe ofensiva política do PSB, que quer emplacar João Campos no governo de Pernambuco em 2026
Pedido de CPI na Alepe expõe ofensiva política do PSB, que quer emplacar João Campos no governo de Pernambuco em 2026. Foto: Roberto Soares

Álvaro Porto (PSDB), presidente da Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe), anulou a instalação da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da publicidade realizada no dia 18 de agosto. A decisão ocorre após tentativas das direções do PSDB, MDB e PRD, em conjunto com o PSB. De garantir a maioria da oposição na comissão, estratégia que acabou não se concretizando.

Por se tratar de parte interessada, uma vez que também preside o PSDB em Pernambuco, Álvaro Porto determinou que o vice-presidente da Alepe, Rodrigo Farias (PSB), assinasse o ofício de anulação. Com isso, a instalação da CPI realizada anteriormente deixa de ter validade, e uma nova reunião será marcada para definir oficialmente os integrantes do colegiado.

Tentativa de maioria da oposição não surtiu efeito

O objetivo das lideranças do PSDB, MDB e PRD era esvaziar o bloco governista e garantir a maioria na CPI, que tinha como foco investigar supostas irregularidades no contrato publicitário do Governo do Estado. Na primeira instalação da comissão, os deputados indicados para lideranças foram:

  • Diogo Moraes (PSDB) como líder do partido e presidente da CPI;
  • Waldemar Borges (MDB) como líder e relator da comissão;
  • Júnior Matuto (PRD) como líder do partido.

Essas indicações, no entanto, não se concretizaram oficialmente devido à decisões judiciais anulando as indicações.

Lideranças partidárias e prazos estatutários

Outro fator que contribuiu para o impasse foram os prazos estatutários não cumpridos pelos partidos para a assunção de funções de liderança. No caso do PSDB, Débora Almeida assumiu a liderança da sigla, enquanto Jarbas Filho retornou à liderança do MDB.

O PRD também teve mudanças na liderança. Joãozinho Tenório chegou a reassumir o cargo, mas, em reunião realizada recentemente. A direção da sigla estabeleceu que o novo líder será o ex-prefeito de Paulista e deputado estadual, Júnior Matuto.

Segundo especialistas em direito parlamentar, o cumprimento rigoroso dos prazos e procedimentos internos dos partidos é essencial para a validade de nomeações e indicações em comissões legislativas, garantindo a transparência e o equilíbrio político na Assembleia.

Validade do contrato de publicidade e decisões do STF e TJPE

O contexto da CPI da publicidade mudou significativamente após decisões judiciais recentes. Segundo o Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE), não há irregularidades na licitação do contrato de publicidade do Governo do Estado.

No dia 26 de agosto, o Supremo Tribunal Federal (STF) manteve a validade da decisão do TJPE, liberando os pagamentos do Contrato nº 03/2025, estimado em R$ 1,2 bilhão ao longo de dez anos. O presidente da Corte, ministro Luís Roberto Barroso, rejeitou pedido do Tribunal de Contas do Estado (TCE-PE) para suspender a liminar que autorizou a retomada da execução do contrato.

No STF, o TCE argumentou que a suspensão poderia causar grave lesão à ordem e à economia públicas, tese apoiada pela Procuradoria-Geral da República. No entanto, Barroso entendeu que não estavam presentes os requisitos para a chamada ‘medida de contracautela’. Além disso, segundo o ministro, não há evidências de dolo, fraude ou desvio imediato de recursos, e o contrato é executado por demanda, sem desembolso fixo ou antecipado. Portanto, concluiu que a questão deve seguir em discussão no TJPE, que examinará o mérito da matéria.

Impacto nas estratégias da oposição

Com a confirmação da regularidade do contrato, a CPI da publicidade perde parte de seu objeto original. Especialistas em política estadual avaliam que a insistência da oposição em manter a comissão pode ser arriscada. Uma vez que a base da governadora Raquel Lyra possui maioria na Alepe.

“Se a oposição tentar manter a CPI contra o entendimento jurídico consolidado, isso pode se reverter contra os próprios contratos do PSB nos governos de Paulo Câmara e comprometer relações políticas locais”, explica o cientista político André Freitas.

Além disso, as mesmas agências de publicidade que atendiam o governo estadual na época do PSB também prestam serviços ao governo do prefeito do Recife, João Campos (PSB), aumentando os riscos de repercussão negativa para a oposição.

Próximos passos para definição da oposição

A expectativa é que, nos próximos dias, os partidos realizem reuniões para consolidar oficialmente suas lideranças na Alepe:

  • MDB: reunião marcada para o dia 24 para definir o líder;
  • PSDB: reunião prevista para o dia 29 para escolha do líder.

Além da definição das lideranças, os encontros também deverão decidir se PSDB e MDB passarão a integrar formalmente a bancada de oposição ao Governo do Estado.

Transparência e legalidade na Assembleia

O caso evidencia a importância da observância das regras internas da Assembleia Legislativa e dos estatutos dos partidos. Procedimentos corretos asseguram a legitimidade das indicações e fortalecem a credibilidade do Legislativo perante a sociedade.

A ação de Álvaro Porto reforça a necessidade de neutralidade do presidente da Casa em situações que envolvam interesses partidários diretos. A decisão de encaminhar a assinatura do ofício ao vice-presidente Rodrigo Farias visa justamente evitar qualquer percepção de favorecimento ou conflito de interesse.

A anulação da instalação da CPI da publicidade da Alepe demonstra que estratégias políticas nem sempre se concretizam quando não observam regras internas, prazos estatutários e decisões judiciais. Com a confirmação da legalidade do contrato de publicidade pelo STF e TJPE, a comissão perde parte do objeto inicial. E a oposição deve avaliar cuidadosamente os riscos de insistir na investigação.

A definição de novas lideranças e a marcação de reuniões para consolidar a oposição manterá o processo legislativo em conformidade com a lei, garantindo transparência e legitimidade às decisões da Assembleia Legislativa de Pernambuco.

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