sexta-feira, julho 25

PF cumpre mandados contra Bolsonaro, que usará tornozeleira

Polícia Federal cumpre mandados na casa de Jair Bolsonaro. Ex-presidente será monitorado com tornozeleira eletrônica após decisão do STF.

Primeira Turma do STF analisa se ex-presidente e aliados enfrentarão ação penal por tentativa de golpe durante as eleições de 2022.
Primeira Turma do STF analisa se ex-presidente e aliados enfrentarão ação penal por tentativa de golpe durante as eleições de 2022. Foto: Reprodução / Revista Fórum

A Polícia Federal (PF) cumpriu, na manhã desta quinta-feira (18), mandados de busca e apreensão na casa do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e na sede do partido em Brasília. A ação foi autorizada pelo Supremo Tribunal Federal (STF), que também determinou o uso de tornozeleira eletrônica pelo ex-chefe do Executivo. A decisão faz parte de um conjunto de medidas cautelares adotadas em meio ao avanço das investigações sobre supostos atos antidemocráticos e tentativa de obstrução à Justiça.

Mandados atingem Bolsonaro e diretórios do PL

Além da residência de Bolsonaro, os agentes também estiveram no escritório do Partido Liberal, legenda à qual o ex-presidente é filiado. A operação ocorre em sigilo e faz parte de uma frente de apuração conduzida pela PF com base em relatórios do Supremo Tribunal Federal e da Procuradoria-Geral da República (PGR). As medidas incluem o monitoramento integral por meio da tornozeleira eletrônica e a restrição de contatos com outros investigados.

Fontes ouvidas pela reportagem sob condição de anonimato afirmam que ministros do STF demonstraram preocupação com a possibilidade de Bolsonaro deixar o país e buscar asilo político, especialmente nos Estados Unidos. As declarações recentes de Donald Trump em apoio ao ex-presidente brasileiro intensificaram essa apreensão.

Trump pressiona por fim do processo contra Bolsonaro

Na quarta-feira (17), Donald Trump publicou uma carta em sua rede social, a Truth Social, na qual faz críticas diretas ao processo judicial envolvendo Bolsonaro. No documento, com timbre da Casa Branca — usado de forma simbólica, já que Trump está fora do cargo —, o ex-presidente norte-americano afirma:

“Eu vi o terrível tratamento que você está recebendo nas mãos de um sistema injusto. Este processo deveria terminar imediatamente!”

A declaração repercutiu nos bastidores do STF, onde ministros avaliaram que o gesto poderia representar um incentivo à deslegitimação das instituições brasileiras e aumentar o risco de tentativa de evasão por parte de Bolsonaro. O governo brasileiro, até o momento, não se pronunciou oficialmente sobre a carta de Trump.

Medidas cautelares e vigilância contínua

Entre as medidas impostas pelo Supremo estão:

  • Uso de tornozeleira eletrônica 24 horas por dia;
  • Proibição de manter contato com outros investigados;
  • Entrega do passaporte e impedimento de deixar o território nacional;
  • Comparecimento periódico à Justiça, mediante convocação.

Essas determinações, segundo fontes ligadas ao STF, visam garantir o cumprimento do devido processo legal e evitar prejuízos à investigação.

Contexto político e institucional

O cumprimento dos mandados ocorre em meio a uma escalada de tensões entre bolsonaristas e autoridades judiciais. Nos últimos meses, a Polícia Federal intensificou operações contra aliados do ex-presidente, inclusive militares da ativa e da reserva, além de ex-integrantes do governo. O caso também ganha contornos internacionais com a manifestação pública de Trump, que busca se reeleger nos EUA em 2024 e tem mantido uma relação próxima com Bolsonaro desde o mandato de ambos.

Analistas políticos consultados por veículos como Folha de S.Paulo, O Globo e CNN Brasil avaliam que a ofensiva do STF tem como objetivo proteger o Estado democrático de direito, diante de indícios de articulações para subverter o resultado das eleições de 2022.

As medidas contra Jair Bolsonaro reforçam o avanço das investigações conduzidas pelo STF e pela Polícia Federal sobre a tentativa de desestabilização institucional. O uso da tornozeleira eletrônica e a vigilância contínua representam um novo capítulo na relação entre o ex-presidente e o Judiciário. Ao mesmo tempo, o apoio declarado de Donald Trump adiciona um componente internacional à crise, o que pode impactar a política externa e as relações diplomáticas entre Brasil e Estados Unidos.

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