A gestão João Campos é questionada enquanto o Recife enfrenta o aumento da insegurança alimentar e da vulnerabilidade social.

A Prefeitura do Recife lançou um pregão eletrônico (nº 003/2025) para registro de preços destinado à aquisição de mobiliário, com validade de 12 meses. A licitação prevê 21 lotes e 21 itens que atenderão à Secretaria de Desenvolvimento Social, Direitos Humanos, Juventude e Políticas sobre Drogas, mas a Secretaria de Assistência Social e Combate à Fome efetuará o pagamento. O valor estimado para a aquisição é de R$ 1.059.831,31. Diante disso, surge uma questão preocupante: por que a pasta responsável pelo combate à fome está arcando com um gasto dessa natureza?
Quando o dinheiro público deveria ir para quem mais precisa
O Recife enfrenta desafios urgentes no campo da assistência social. A insegurança alimentar cresce, a população em situação de rua aumenta e os serviços sociais demandam cada vez mais atenção. Em um cenário como esse, a Secretaria de Assistência Social deveria utilizar seus recursos para fortalecer programas de alimentação, ampliar abrigos, investir em projetos de capacitação e apoiar famílias vulneráveis.
No entanto, em vez disso, uma grande soma está sendo comprometida com a compra de mobiliário, o que levanta dúvidas sobre a real urgência desse investimento. Será que todas as unidades da Secretaria de Desenvolvimento Social estão sem móveis a ponto de justificar essa despesa? Quantas cestas básicas poderiam ser compradas com esse dinheiro? Quantas refeições poderiam ser distribuídas?
Registro de preços não significa compra imediata, mas…
Um registro de preços não significa que o governo gastará todo o montante de uma só vez. Esse tipo de processo funciona como uma reserva de valores, permitindo que o governo adquira os itens conforme a necessidade, ao longo do ano. Mas, mesmo assim, a pergunta continua válida: será que essa necessidade justifica a prioridade dada a essa licitação?
A assistência social precisa de mais do que cadeiras e mesas novas. Precisa de ações concretas para reduzir a miséria e fortalecer o atendimento às pessoas em situação de vulnerabilidade. Quando uma secretaria que deveria focar no combate à fome assume um custo que não lhe pertence diretamente, é natural que a população questione se o dinheiro está sendo usado da melhor forma.
A Prefeitura precisa revisar suas prioridades.
Não se trata de dizer que a administração pública não pode investir em estrutura, mas sim de questionar se esse é o melhor momento para isso. Com tantos desafios sociais e uma população cada vez mais carente de políticas públicas efetivas, a Prefeitura precisa responder:
Esse mobiliário é realmente essencial para o funcionamento da Secretaria de Desenvolvimento Social?
Não existe outra fonte de financiamento mais adequada para esse tipo de gasto?
A Secretaria de Assistência Social não deveria aplicar seus recursos exclusivamente em políticas para reduzir a fome e a desigualdade?
A população exige transparência e justificativas claras sobre o motivo de a Prefeitura priorizar essa despesa enquanto tantas outras necessidades continuam sem resposta. Afinal, política pública não se faz apenas com móveis, mas com ações concretas que impactam diretamente a vida de quem mais precisa.

CEO do Portal Fala News, Jornalista pela UNIFG, licenciado em Letras PT/ES pela FAESC, formado em psicanálise pela ABEPE, pós-graduado em linguística aplicada as línguas portuguesa e espanhola pela FAESC, e MBA em Marketing Digital e Mídias Sociais pela UniNassau. Analista de política e economia, colunista sobre psicanálise, amante dos livros e dedicado a levar informação com transparência e credibilidade.